domingo, 10 de agosto de 2008

Paula Toller grava primeiro DVD solo e comemora independência

Ao ver Paula Toller no palco do Vivo Rio, na estréia da turnê de seu álbum SóNós, ano passado, o poeta Jorge Salomão não resistiu. "Como é bom ver um show de uma cantora bonita, para variar. A MPB está precisando desse realce", desabafou alegremente.


Perto de completar 46 anos (no próximo dia 23), Paula ri às gargalhadas ao ouvir o elogio, mas evita o salto alto. "Sou apenas uma pessoa normal que às vezes se arruma bem e fica bonita", desconversa.

Mesmo com tanta humildade, a linda e loura Paula sabe que a beleza é libertadora e levanta a auto-estima. "Ela torna a vida melhor, não acho isso fútil. Também adoro moda. O cuidado com a aparência é muito interessante", assume. Segura de si, Paula acaba de dispensar dois convites de grandes gravadoras e grava, totalmente independente, seu primeiro DVD solo na próxima terça-feira.

"Recebi propostas da Universal e da EMI, mas a da Microservice (poderosa fabricante e distribuidora de CDs) foi bem melhor, diferente de qualquer gravadora", conta.

Assumidamente controladora, Paula vai experimentar, pela primeira vez, onipotência sobre a própria obra. "Artisticamente, sempre fui independente e fiz minhas escolhas. Agora vou ver como funciona essa história de venda e distribuição", diz a cantora, que produzirá a gravação com o empresário Mauro Benzaquem, e irá criar um selo para lançar o trabalho. "Só falta escolher o nome", conta.

O repertório do DVD é basicamente o mesmo da turnê de SóNós. Terá, portanto, o "bloco maternal" que inclui Mamãe Coragem, de Caetano Veloso e Torquato Neto, Oito Anos e Barcelona 16, essas duas últimas compostas para o filho Gabriel, hoje com 18 anos. Quando pensa nele, aliás, a diva se comporta como qualquer mãe carioca e se enche de preocupação. "Não acho certo prender prender os filhos em casa, mas só fico tranqüila quando ouço o barulho da chave na porta de casa", diz.

Sobre o atual momento do Rio de Janeiro, Paula canta no show Pane de Maravilha, parceria com Dado Villa-Lobos e Fausto Fawcett que pinta um quadro cinza da cidade. "Esqueço a praia/ Esqueço o tal do carnaval/ Descarnavalesço total", diz a letra, que Paula torce para que fique defasada o mais rapidamente possível. "Pane de Maravilha é temporária.Apesar de grave, a situação do Rio tem remédio", acredita.

E dá a receita também no show, nas versões que fez para sucessos dos repertórios de Rita Lee e Claudinho e Buchecha. "Vou emendar duas músicas, Saúde e Só Love. É justamente disso que o Rio está precisando", recomenda a cantora. Lui Farias, marido de Paula, dirige o projeto.

Entre as canções do roteiro, estão 1800 Colinas, do disco que lançou há 10 anos, e Tudo Se Perdeu, versão dela para Vicious World, de Rufus Wainright, que traz os debochados versos 'Caio com Maysa na fossa em francês/ Ninguém mais agüenta drum¿n bossa em inglês'.

"Ah, sem um pouquinho de provocação não tem graça, não é? Sem tem uma formulazinha de música para gringo, a atual é essa, quis brincar com isso", diz ela, sem medo de se arriscar num projeto independente. "É uma coisa bem brasileira. Se tem dinheiro, a gente faz. Se não tem, a gente dá um jeito", brinca.

O Dia

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