segunda-feira, 11 de maio de 2009

'Fumando Espero' exibe com bom humor luta contra o vício

Resenha
fonte;terra
Divulgação
Cena do filme
A diretora Adriana Dutra faz sua estréia em longa-metragem com um documentário bem humorado sobre um tema muito sério: a dificuldade dos fumantes em parar de fumar.


Fumando Espero estréia em São Paulo em um momento muito oportuno, quase simultaneamente à proibição do cigarro em ambientes fechados por força de lei estadual. E a própria diretora aproveita o filme para também abandonar o vício, com ajuda médica e dos próprios entrevistados, que mostram as dificuldades que enfrentaram nessa luta difícil.

Fumando Espero pode servir de apoio às pessoas que lutam para abandonar o cigarro ou para as entidades engajadas na luta contra o tabagismo. É um filme bem intencionado, mas poderá ter dificuldades para atingir platéias mais amplas que não estejam envolvidas com o tema, como fumantes, médicos e ativistas da causa antitabagista.

O título é uma menção bem humorada a um tango muito popular nos anos 1950 na Argentina e que ganhou versão em português na voz de Ângela Maria.

A diretora e roteirista intercala sua luta pessoal com imagens e dados sobre a história do cigarro no mundo e depoimentos de médicos, especialistas, fumantes e ex-fumantes.

Enquanto se submetia a exames, entrevistava pessoas que, um dia, também tiveram coragem de tomar a mesma decisão, como o ator Ney Latorraca, que só se convenceu ao ouvir, pelo telefone, a advertência de um médico: "Pela sua voz, você pode estar com câncer, venha para o consultório imediatamente".

O ator relembra: "Eu demorei para sacar que precisava de ajuda médica. Nesse dia eu senti que estava com os dias contados e então parei."

O tom alarmista do médico, que felizmente era infundado, foi a estratégia de choque que funcionou no caso do ator, que ainda sente vontade de voltar a fumar ao cruzar com pessoas tragando seus cigarros ou ver uma bituca ainda acesa no chão.

O bom do filme é que não passa a imagem de cruzada santa e trata todos com respeito, tanto fumantes como ex-fumantes. Como deixa claro uma das entrevistadas de uma entidade antitabagista, a luta não é contra o fumante ou o pequeno agricultor que planta tabaco.

É contra a indústria e as estratégias que elas usam há mais de cem anos para tornar as pessoas dependentes, por causa das milhares de substâncias químicas presentes num simples cigarro (4.700 já catalogadas).

Com o crescente cerco não só no Brasil como em outros países, as indústrias de cigarros tem concentrado sua atuação nas camadas mais pobres da população, principalmente entre as mulheres, que enfrentam maiores dificuldades para parar de fumar. No Brasil, segundo estatísticas citadas no filme, são consumidos anualmente cerca de 128 bilhões de cigarros.

Reuters

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