quarta-feira, 12 de março de 2008

'Amigo', de Roberto Carlos, vira hino fúnebre na Colômbia

Um sucesso de Roberto Carlos virou uma espécie de "hino à amizade" na Colômbia, onde é cantado em despedidas, homenagens e até velórios.

Quinze anos depois de sua gravação, Amigo (1993) - versão em espanhol de Sérgio Bardotti para a canção em português homônima de 1977 - continua vencendo o tempo e fazendo sucesso entre colombianos, segundo pôde constatar a reportagem da BBC Brasil em Bogotá.

A boa aceitação do "rei" reflete o sucesso de artistas populares brasileiros nos mercados da América do Sul.

No dia-a-dia, a proliferação das versões em espanhol de canções românticas brasileiras, assim como turnês de músicos brasileiros, contrasta com a rara presença da cultura hispano-americana no mercado do vizinho maior.

Entre todos, Roberto Carlos é um dos que há mais tempo fazem sucesso na América do Sul. Em 1992, foi cercado por uma multidão em Mar del Plata, na Argentina, e coberto de beijos, segundo sua assessoria.

Neste ano, a agenda do "rei" até o meio do ano inclui o lançamento de seu novo CD em espanhol, com um show na Argentina, e uma turnê por Peru, Colômbia e Equador.

Para a reportagem da BBC Brasil, públicos de diversas gerações chegaram a ensaiar os trechos iniciais de Amigo del alma: "Tú eres mi hermano del alma realmente el amigo/ que en todo camino y jornada está siempre conmigo".

Gerações
A aposentada Dora Rey diz que Amigo é um "hino" na Colômbia. "Aqui, quando esse hino é tocado, é sinal de respeito", conta Dora. "Dedica-se (a canção) a um amigo especial, um parente especial, aos pais."

Aos 19 anos, o estudante Sergei Gómez também afirma ter cantado a versão espanhola de Amigo muitas vezes ao longo da vida.

"Em meu colégio, cantávamos essa música para as despedidas dos amigos que terminavam a escola secundária. A letra é muito bonita e fala das vivências e dos momentos que se desfruta com os amigos, do que é a amizade."

O médico Álvaro Trujillo, que lamenta o pouco sucesso das músicas tradicionais e afirma que "o rock não deveria existir", elogia a beleza da canção de Roberto Carlos, e diz que por isso a obra passou a ser "solicitada" até em enterros.

"Essa música é ouvida nas ruas, falam dela. E se morre um amigo próximo, às vezes o enterram com esta música, às vezes a solicitam. Muitas vezes, porque ele gostou durante a vida."

Mas nem todos os colombianos concordam com a coroação do "rei" Roberto. Para Kelly Marlene, que se descreve como "mais ou menos da década de 70", as músicas do passado trazem nostalgia.

"Há músicas que voltam à moda, mas as de hoje são mais animadas. Escutar essas músicas antigas entristece a alma."

BBC Brasil

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