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Cena do filme |
O audacioso ladrão de bancos que apavorou vários estados dos EUA na era da Grande Depressão foi objeto de outro filme, Dillinger - Inimigo Público no. 1 (1973), de John Milius.
Nesta nova versão, como se pode esperar de um diretor com a folha corrida de Mann - a quem se creditam O Informante (1999), Ali (2001), Colateral (2004) e Miami Vice (2006) - não se trata de um mero confronto entre mocinhos e bandidos. Aliás, nem há mocinhos.
Os agentes do FBI que caçam Dillinger não são exatamente modelos de virtude, a começar pelo diretor do órgão, J. E. Hoover (Billy Crudup, de Watchmen - O Filme), que passou à História por cultivar métodos nada ortodoxos de investigação, com escutas ilegais e brutalidade correndo à solta contra os suspeitos.
Baseada em livro-reportagem de Bryan Burrough, a trama ganha detalhes ficcionais no roteiro, assinado por Mann, Ronan Bennett e Ann Biderman. Assim, se a sucessão de fatos da vida de Dillinger corresponde à verdade, não faltam momentos em que a lenda predomina.
Apoiando-se no carisma e no humor peculiar de Johnny Depp, este Dillinger passa longe de um vilão de caricatura. Com um charme ambíguo, o ator carrega o peso do personagem, movido por sua ânsia de adrenalina e dólares roubados espetacularmente de bancos, à luz do dia.
Um bandido, sem dúvida, mas que não se esquecia de deixar para trás, ilesos, tanto os reféns que arrastava nas fugas como o dinheiro do bolso dos clientes que haviam entrado no banco na hora errada. Só queria mesmo o conteúdo dos cofres dos banqueiros, criando para si uma certa imagem de Robin Hood, que lhe conferia uma legião de admiradores - como demonstra uma cena em que ele é preso e aplaudido por uma multidão que segue sua passagem.
Parte dessa admiração popular vem de suas respostas espirituosas à imprensa e também de seus hábitos audaciosos - como circular pelas ruas e lugares públicos no intervalo de suas ações.
O filme captura essa ousadia em alguns momentos, sendo o mais cínico e divertido aquele no qual mostra o ladrão, caçado em todo o país, passeando disfarçado nas dependências de uma delegacia de Chicago, no setor dedicado à sua captura.
Esta rotina entre assaltos e fugas de prisões - o filme retrata diversas delas, como a eletrizante sequência inicial - é rompida, finalmente, pelo interesse romântico por Billie Frechette(Marion Cotillard, vencedora do Oscar de Melhor Atriz, em 2008, por sua performance em Piaf - Um Hino ao Amor).
Por causa da moça, Dillinger corre alguns riscos, porque o braço direito de Hoover no FBI, o agente Melvin Purvis (Christian Bale, o Batman), não tarda em usá-la como isca.
Se não chega a formar com o bandido uma dupla à la Bonnie e Clyde (casal de ladrões que apavorou os EUA na mesma época e foi tema de filme de Arthur Penn em 1967), Billie tem presença magnética na tela, confirmando o talento da atriz francesa, que desempenha muito bem seus diálogos em inglês.
Reuters
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