Teresa Miguel em Nova York
O lendário Blue Note, onde atuaram alguns dos grandes mitos da história do jazz, realiza a partir desta quarta-feira (1º) um festival com estrelas como Dave Brubeck, Roberta Flack e Bobby McFerrin para homenagear as três décadas de música da casa noturna nova-iorquina.
"Lembro que Dizzy Gillespie costumava vir inclusive quando estávamos fechados, e convidava outros músicos a jogar cartas com ele. Não era difícil vir uma tarde e ver todos aqui passando o tempo", afirmou à Agência Efe o presidente do Blue Note, Steven Bensusan, filho do fundador do bar, Danny Bensusan.
O clube era praticamente a segunda casa para "jazzmen" como Gillespie, o mítico trompetista que ajudou a transformar a casa do Greenwich nova-iorquino em um dos mais reconhecidos bares de jazz do mundo. No entanto, com o passar do tempo, o lugar perdeu parte de sua genuinidade com ingressos cada vez mais caros e multidões amontoadas para conhecer este pedaço da história da música.
Bensusan lembra como cresceu vendo "espetáculos lendários do tipo que só se vê uma vez na vida", como os de Sarah Vaughan, que ao longo de sua carreira mudou o conceito da interpretação vocal do jazz. Outras lendas que passaram por ali em início de carreira foram Ray Charles, B.B King e Oscar Peterson.
"Nos anos 1970, as estrelas do jazz e do blues não costumavam tocar em locais como este, mas em grandes salas de concertos", explicou Bensusan, destacando que por este motivo seu pai "se deu conta rapidamente que os grandes músicos de Nova York precisavam voltar aos clubes".
Em 1981, Danny Bensusan decidiu fundar um lugar "exclusivo para escutar jazz ao vivo, onde um casal pudesse passar uma noite agradável, jantar e ver um bom espetáculo, em contraste com os clubes da época frequentados por grandes fãs do gênero e que eram principalmente porões cheios de fumaça", disse o filho do fundador.
A disputa em Nova York entre casas como o Blue Note, onde são servidos jantares, e os pequenos estabelecimentos onde não se pode comer, como o Village Vanguard, continua, mas é fato que o lendário clube ainda consegue atrair alguns dos melhores nomes da cena atual do jazz.
Para reuni-los, Bensusan realiza a partir desta quarta-feira o Blue Note Jazz Festival, um evento anual para homenagear os "bons velhos tempos" do local nova-iorquino, mas também demonstrar que segue conquistando músicos como Dave Brubeck, Nancy Wilson, Bobby McFerrin, Chaka Khan e Roberta Flack.
Também participarão do evento jovens promessas como Madeleine Peyroux e Manhattan Transfer, que durante todo o mês de junho ocupará não apenas o Blue Note, mas também outros dois clubes dos Bensusan na cidade, o Highline Ballroom e o B.B King Blues Club & Grill, além de outros nove bares e salas de concerto.
O Blue Note Jazz Festival tenta demonstrar que o gênero musical está vivo e que "o Blue Note seguirá aberto por muitos, muitos anos, porque a experiência do jazz ao vivo é algo que não pode ser copiado", afirmou Bensusan.
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