quarta-feira, 17 de junho de 2009

Sai o novo trabalho de Marlyn manson





Braulio Lorentz



Nada mais choca na figura andrógina, nas letras e nas notas controversas que sempre mantiveram o nome artístico de Brian Hugh Warner, 40 anos, vagando entre nós. Em seu sétimo álbum de estúdio, Marilyn Manson canta que deseja "f... como num filme estrangeiro" e que gostaria de matar a pretendente "como se faz nos filmes".

A transgressão de I Want To Kill You Like They Do In The Movies, que foi divulgada antes mesmo do lançamento do disco, é tão rala quanto a das outras 15 canções de The High End of Low.
Automutilação com claquete Para completar o cardápio de citações cinematográficas, o cantor posa para uma foto em que, com uma gota de sangue falso aqui e outra ali, dá a entender que usa uma claquete quando brinca de automutilação.
O sofrimento de mentirinha norteia o novo trabalho. Manson arrebata os que tinham e quem não possuía idade para se entusiasmar com seu primeiro disco, Portrait Of An American Family, lançado em 1994.
No álbum anterior, Eat Me, Drink Me (2007), toda a angústia por conta do fim de seu casamento com a atriz Dita Von Tees foi o combustível para um disco tão apaixonado quanto morno.
Além da retomada ao período mais "superstar anticristo", o novo CD também marca a volta da parceria com o baixista Twiggy Ramirez, que ficou no Nine Inch Nails até o final de 2007.
Coautor de sucessos dos primeiros e mais platinados discos de Manson, Antichrist Superstar e Mechanical Animals, a presença de Ramirez em parte explica a insistência em recursos usados à exaustão pelo colega branquelo.
Embora fique evidente a tentativa de demonstrar que a fase sombria já era, o lenga-lenga sobre uma possível retomada não cola. Quando carrega no peso, entrega o rock industrial Pretty As A Swastika, no qual urra: "Quando te vejo ao sol você é tão bonita como uma suástica". É uma pena que hoje o discurso de Manson, personagem divertido nos anos 90, seja menos polêmico do que uma festa no Rio.
Sem tanta barulheira e domando seus grunhidos, o cantor e compositor até que se sai bem em baladas como Unkillable Monster e Four Rusted Horses, dona do refrão "Todos irão, todos irão... Ao meu funeral para ter certeza de que eu estou morto". Into The Fire é outra que une lentidão a pingos de originalidade (e de outros fluidos, sempre). Mais uma vez, longas-metragens dominam a temática: "O filme está próximo do terceiro ato de penúria/ Não é chuva, seus lobisomens violadores, é Deus mijando em você".
Refém de seu histórico e da estética barulho-silêncio-barulho com letras que lembram uma paráfrase das já lançadas, Manson patina no próprio sangue. O rapper Eminem tem companhia no limbo dos ícones americanos em crise.
JB Online

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