sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Campo Grande derruba uso obrigatório de máscaras nos ônibus e postos de saúde

 

Decreto publicado nesta sexta-feira (26) revoga obrigatoriedade do uso das máscaras, tornando o uso dos itens facultativo

Jornal Midiamax

Decreto publicado no Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande) desta sexta-feira (26), assinado pela prefeita Adriane Lopes (Patriotas), torna facultativo o uso de máscaras de proteção facial em Campo Grande. Na prática, a norma desobriga o uso dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) não só no interior dos veículos de transporte urbano da Capital, mas também em unidades de saúde.


O decreto 15.357/22 revoga incisos da última norma até então vigente, de março deste ano, que liberava o uso dos EPIs, mas ainda tornava obrigatório uso em ambientes hospitalares e de atendimento à saúde público e privado, além do transporte coletivo e rodoviário. Desta maneira, a partir de agora, o uso das máscaras torna-se apenas facultativo em Campo Grande.


Para a publicação da norma, o Executivo Municipal considerou "a redução expressiva do número de casos graves confirmados de covid-19, no município de Campo Grande e a queda da taxa de internação por covid-19 em hospitais públicos e privados", além da cobertura vacinal em 84,86% de campo-grandenses com primeira dose, 79,42% com esquema completo, e mais de 40% de adultos com uma ou mais doses de reforço.


Consórcio pediu liberação

No último dia 18 de agosto, Robson Strengari, gerente executivo do Consórcio Guaicurus, que opera o transporte público urbano em Campo Grande, afirmou que havia solicitado o fim do uso de máscaras nos ônibus da cidade. A justificativa seriam os "atritos" entre jovens e idosos no transporte coletivo relacionados ao uso das máscaras.


"Muitos jovens não usam e os idosos cobram, porque é obrigatório ainda. Aí gera um atrito já por causa da questão. O motorista precisa parar, intervir. Tem acontecido bastante", disse Strengari. O pedido também levaria em conta a vacinação em Mato Grosso do Sul, queda de casos e mortes e desobrigação do uso de máscaras nos aeroportos, definida no 17 deste mês em todo o Brasil.


Todavia, no dia seguinte, a Prefeitura havia informado que manteria o uso, diferente do decreto publicado nesta sexta-feira.


Profissionais da saúde acham liberação precipitada

O Jornal Midiamax questionou profissionais da saúde sobre o entendimento quanto ao pedido de liberação dos EPIs feito pelo Consórcio Guaicurus. Enfermeiro e doutor em Infectologia, Everton Lemos ressaltou ao Jornal Midiamax que ainda é cedo para deixar o uso obrigatório de lado. Além disso, mesmo após um longo período de enfrentamento, ele acredita que campo-grandenses deveriam ter mais conscientização sobre os autocuidados para evitar a contaminação.


“As doenças respiratórias, de uma forma geral, têm oscilação causada pelo tempo, por sazonalidades e etc. Campo Grande, por exemplo, tem baixas temperaturas em alguns momentos que expõe maior risco as pessoas que ficaram aglomeradas; o contato mais próximo aumenta as chances de infecção, por exemplo, da gripe ou até a Covid-19. A obrigatoriedade em locais fechados, principalmente nos ônibus e transporte coletivo, a aglomeração expõe muito mais a população para o contato respiratório”.


Outro ponto que o profissional salienta é do retorno nos períodos de surto e aumento de casos. “Se mais para frente não seja obrigatório, que a gente parta para o princípio dos casos que tenham no Estado ou cidade. A população pode fazer uso de forma preventiva, assim fazer o uso de hábitos aprendidos na pandemia, como higienizar as mãos, independente de uma legislação vigente, se que cuidem”.


Edna Castro Coutinho, auditora fiscal de Vigilância Sanitária, explica que há um estudo municipal para qualquer mudança referente ao assunto, pois as cidades têm autonomia para decidir decretos de regulação sanitária. Além de atuar durante as fiscalizações na pandemia, ela também acredita que ainda é cedo para deixar a obrigatoriedade.


“Com tantas variantes, com novas doenças surgindo é temeroso e preocupante abolir o uso dessa proteção. Enquanto vigilância sanitária pensamos que ainda não é o momento”.

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