sábado, 27 de agosto de 2022

Exportação de carne bovina tem melhor resultado da história e projeta crescimento

 


Investimento em nova fábrica de hambúrgueres em Bataguassu deve ampliar ainda mais o envio do produto ao exterior

ELIAS LUZ, SÚZAN BENITES



Mato Grosso do Sul exportou 129,5 mil toneladas de carne bovina de janeiro a julho deste ano. Dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) apontam que é o melhor resultado para os primeiros sete meses do ano desde o início da série histórica, que começou em 1997.  


Em montante negociado, o número também foi o melhor da série, com faturamento de US$ 690 milhões. Somente no comparativo com o ano passado, houve crescimento de 17,40% em relação ao volume e de 39,39% em relação aos valores. No mesmo período de 2021, foram 110,3 mil toneladas e US$ 495 milhões.


A tendência é de aumento nos números até o fechamento do ano. Um dos indícios vem da média exportada. Isso porque, no ano passado, a média de Mato Grosso do Sul era de 7,5 mil toneladas por mês. Este ano, a média é de 18,5 mil toneladas.


Novos investimentos também corroboram com a projeção. Entre os novos players atraídos, uma nova unidade industrial focada no beneficiamento da carne bovina foi inaugurada.  


Mato Grosso do Sul ganhou, nesta sexta-feira, uma nova fábrica. Apesar de já estar em operação em Bataguassu, município localizado na região do Bolsão, a nova unidade industrial da Marfrig vai produzir de 20 mil a 24 mil toneladas de hambúrguer por ano.


O diretor-geral de Industrializados na América do Sul, Rui Mendonça, explicou que o mercado de hambúrguer é promissor e tem crescido no Brasil a uma média de 30% ao ano.  


A expectativa é de que a planta produza até 24 mil toneladas de hambúrguer de carne bovina por ano e gere cerca de 180 empregos diretos, sendo 150 em Mato Grosso do Sul.  


O empreendimento também vai ao encontro de projetos do governo de Mato Grosso do Sul, que, por meio de iniciativas como esta, fomenta a industrialização da cadeia de produção no Estado.


“Essa nova fábrica, além de atender à alta demanda do mercado interno, poderá no futuro exportar a países com quem temos ótimo relacionamento comercial”, diz o diretor-geral de Industrializados na América do Sul da Marfrig.  


A empresa investiu um total de R$ 100 milhões para se instalar em Mato Grosso do Sul.  


O secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, esteve na inauguração da fábrica e disse que a política de atração de grandes empreendimentos para o Estado está dando certo.  


“Vamos trazer mais empresas, via incentivo fiscal, para gerarmos emprego e renda e, ao mesmo tempo, até 2030, o Estado terá certificação de carbono neutro. Todo o desenvolvimento será por meio da sustentabilidade”, disse Verruck.


MERCADO

De acordo com Mendonça, que citou dados de um aplicativo famoso, no Brasil são consumidos seis hambúrgueres por segundo.


Por este cálculo, em um dia são consumidos 518.400 hambúrgueres no Brasil ou 15,5 milhões por mês. Em termos quantitativos, Rui Mendonça disse apenas que o crescimento de 30% ao ano deste mercado representa 45 milhões de hambúrgueres na mesa do brasileiro.


Só no segundo trimestre deste ano, a Marfrig registrou um faturamento líquido de R$ 34,5 bilhões. Juntando todas as unidades industriais da empresa, é possível abater 29,1 mil cabeças de gado por hora. 


A fábrica de hambúrguer de Bataguassu vem para suprir a demanda do segmento food service, que é a comida fora de casa. O produto vai abastecer grandes empresas que vendem sanduíches espalhadas pelo Brasil e toda a América do Sul. Em um segundo momento, o objetivo é a América do Norte.


A planta de Bataguassu tem 7.850 metros quadrados. Os equipamentos industriais são majoritariamente norte-americanos, mas há tecnologias dinamarquesas e alemãs. Trata-se da unidade industrial mais moderna da companhia em termos de tecnologia de automação.


“Nosso objetivo sempre tem sido, como estratégia de desenvolvimento, a famosa frase de agregação de valor ao produto. Ou seja, transformação. É muito claro que a linha de desenvolvimento do Estado é a agroindustrialização. MS será competitivo assim como acontece na soja e nas proteínas, ninguém transforma a soja em proteína animal, a gente transforma em farelo, e esse farelo gera proteína animal”, explica Verruck.


CRESCIMENTO

Conforme publicado pelo Correio do Estado na edição do dia 26, Mato Grosso do Sul aumentou o Produto Interno Bruto (PIB) em mais de R$ 40 bilhões nos últimos três anos, e a projeção é de fechar o biênio 2022/2023 com crescimento de mais de R$ 14 bilhões. 


Nesse contexto, a agroindustrialização é citada como o principal foco deste avanço.  


O Estado terá o segundo maior crescimento do País neste ano, de acordo com o levantamento realizado pela Tendência Consultoria. Ainda conforme a consultoria, para o ano que vem a projeção é de que MS tenha o maior crescimento, com 2,3%.  


A gestão estadual concorda que será o maior crescimento do Brasil, mas discorda em relação ao porcentual de aumento e aponta ampliação de 5%.


O secretário Jaime Verruck justificou que o otimismo se deve aos investimentos bilionários que recentemente foram anunciados em MS, principalmente, no setor agroindustrial.


 “Provavelmente eles não computaram os investimentos da Arauco e o crescimento de algumas agroindústrias. Então, nossa estimativa interna aponta que, em 2023, o Estado cresce 5%”.  


Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que a soma de todas as riquezas de Mato Grosso do Sul era de R$ 106,9 bilhões em 2019. 


Sem considerar o ano vigente, atualmente o PIB já atinge R$ 150 bilhões, conforme o secretário. Considerando os 4,6% de incremento neste ano e os 5% projetados para 2023, a soma de todas as riquezas do Estado chegará a R$ 164,7 bilhões.


Com informação do Portal Correio do Estado

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