segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Nova Ferroeste recebe 'carimbo internacional' de investimento sustentável

 

                                           O secretário Jaime Verruck está à frente da megaobra no Estado - Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

Elias Luz

Entusiastas da Nova Ferroeste – o corredor ferroviário de 1.567 km de extensão que ligará Maracaju (MS) até o Porto de Paranaguá (PR) – têm duas novidades para comemorar: a megaobra recebeu ‘carimbo internacional’ de investimento sustentável e o aguardado leilão deve sair até o fim do ano.


A informação é da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Produção, Desenvolvimento Econômico e Agricultura Familiar (Semagro), que destaca o “sim” da Climate Bonds Initiative (CBI), que hoje é referência mundial em concessão de títulos climáticos por todo o mundo. Essa ‘carimbada’ significa que o projeto logístico - orçado em R$ 5 bilhões - foi considerado elegível para emissão de títulos verdes, os chamados Green Bonds.


O aguardado projeto ferroviário deve reduzir em 30% os custos de produção e, de quebra, passa a receber os olhares de grandes investidores, principalmente levando-se em conta que o desenvolvimento sustentável deixou de ser uma bandeira internacional levantada por Ongs e agora tornou-se uma necessidade mundial.



De acordo com o titular da Semagro, Jaime Verruck, a avaliação do projeto da Nova Ferroeste foi realizada por uma equipe multidisciplinar que seguiu os critérios de transporte terrestre da CBI. O esperado ramal ferroviário é uma parceria entre os governos dos Estados de Mato Grosso do Sul e Paraná, porém, também vai conectar Santa Catarina.


Segundo Jaime Verruck, os estudos realizados para a elaboração do projeto para emissão de títulos verdes consideraram como fonte de energia das futuras locomotivas a eletricidade e o óleo diesel. Estas e outras informações técnicas estão contidas no Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) e serviram como base para a análise.


Em termos de critérios técnicos e ambientais, o índice de emissão de gases poluentes foi o principal fator considerado. O parecer final apontou a emissão de 16g CO2/TKU (tonelada/quilômetro útil), ou seja, um valor abaixo do limite das normas da CBI, que é de 24g CO2/TKU. A partir desse resultado, o projeto pode ser submetido a uma análise para certificação de títulos verdes.


O parecer técnico expõe, ainda, que o investimento no modal ferroviário permite melhor aproveitamento energético no transporte de cargas, principalmente em longas distâncias. De maneira geral, o caminhão emite quatro vezes mais gás carbônico (CO2) que o trem para levar a mesma carga. O transporte é a segunda atividade que mais contribui para as emissões globais de gases do efeito estufa, atrás apenas da geração de eletricidade.


O secretário Jaime Verruck destacou que a chancela para emissão de títulos verdes deixa o projeto com mais consonância e adquire mais robustez ecológica diante da meta do Governo do Estado, que é de se tornar Carbono Neutro até 2030. “Temos uma preocupação com a redução desses índices no Estado, e isso é recorrente em todo o mundo. Prova disso é o interesse de investidores em projetos com potencial para obtenção de títulos verdes e climáticos para entregar produtos e serviços de qualidade com o menor impacto ao meio ambiente. As certificações elevam a confiança e a transparência diante dos investidores e clientes”, sinalizou.


Os títulos verdes são fundos financeiros disponíveis destinados a empreendimentos sustentáveis. Eles são similares aos títulos de dívida comuns, com a diferença essencial de que só podem ser usados para financiar investimentos considerados sustentáveis. No Brasil, o Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES) oferece opções de crédito voltadas a projetos verdes. No cenário internacional, essa prática é mais frequente, o que também favorece à participação de investimentos estrangeiros.


A Nova Ferroeste vai ampliar a capacidade de escoamento, melhorando o acesso dessas regiões com o Porto de Paranaguá, a porta de saída de boa parte da produção brasileira. Esse desenvolvimento será feito com bases sustentáveis, especialmente para reduzir o tráfego de veículos de carga em rodovias como a Brs 163 e 277, nos Estados de Mato Grosso do Sul e Paraná.


Com informação do Portal Correio do Estado

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