quinta-feira, 22 de setembro de 2016

ESTREIA–“Sete Homens e um Destino” renova clássico do faroeste




Procurando renovar um território já bastante explorado, o diretor Antoine Fuqua assume a direção do faroeste “Sete Homens e um Destino” – em que injeta uma dose de multiculturalismo num enredo que já rendeu um faoreste clássico homônimo – de 1960, dirigido por John Sturges -, que por sua vez se inspirava no emblemático “Os Sete Samurais”, de Akira Kurosawa (1954).

A trama central não muda – uma cidade atormentada por um megavilão que reage contratando valentes renegados de fora, já que a lei local não dá conta do recado.

Uma diferença importante, de olho na diversidade exigida pelos novos tempos, está no perfil étnico dos novos heróis, que são comandados por Chisolm (Denzel Washington), um subtenente que sofre preconceitos numa América do século 19 que ainda não digeriu completamente o fim da escravidão. Na turma de bravos que ele vai formando, estão também um mexicano, Vásquez (Manuel Garcia-Rulfo), um oriental, Billy Rocks (o ator sul-coreano Lee Byung-hun) e um índio, Red Harvest (Martin Sensmeier).

Se os demais integrantes da trupe são brancos de origem europeia, e têm no currículo um código moral flexível e algumas dívidas com a lei, com muitas mortes nas costas e ganhos ilícitos: Goodnight Robicheaux (Ethan Hawke), John Faraday (Chris Pratt) e Jack Horne (Vincent D’Onofrio).

São tempos do primado da lei do mais forte – como bem sabe a cidade de Rose Creek, cujos honestos moradores estão sendo corridos de suas fazendas pelo violento mandão local, Bart Rogue (Peter Sarsgaard). A perícia de Chisolm como caçador de criminosos, além de sua lendária pontaria, valem o convite da viúva Emma Cullen (Haley Bennett) para que ele se disponha a encarar Rogue e seus capangas.

Chisolm tem seus próprios motivos para aceitar uma empreitada que se mostra mais do que arriscada, praticamente suicida, dado o poder de fogo do perverso Rogue. Uma das atrações de uma história como esta, aliás, é a composição do grupo que vai assumir a tarefa ousada – tendo como compensação não muito mais do que o próprio desafio.

Como nos filmes em que se inspira, o novo “Sete Homens e um Destino” tem suas sequências mais eletrizantes localizadas na cidade à espera da vingança do vilão, depois que seus prepostos são escorraçados.

Uma série de armadilhas espera os capangas de Rogue, já que o bando de Chisolm não é bom apenas com as armas de fogo. Billy Rocks é exímio com as facas, Red Harvest, com as flechas e Jack Horne não faz feio com uma machadinha. Trincheiras e explosivos também fazem parte das defesas de Rose Creek.

Diretor do premiado “Dia de Treinamento” – que deu o Oscar de melhor ator a Denzel Washington, então contracenando com Ethan Hawke –, Fuqua comanda bem o ritmo do espetáculo e o humor cínico cabível em heróis tão pouco imaculados quantos estes. Mas não chega tão longe neste humor quanto um Quentin Tarantino em “Os Oito Odiados”, reservando espaço para que cada um deles comprove uma bravura indiscutível, num contexto em que se pode imaginar que nem todos sobrevivam.

Também insere uma nota moderna ao reservar para a viúva Haley um papel menos decorativo do que a mulher em perigo – a moça é boa de tiro também e não ficará frustrado quem esperar para vê-la em ação.

(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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