quinta-feira, 29 de setembro de 2016

ESTREIA–“O Bebê de Bridget Jones” resgata personagem e atriz em divertida comédia romântica


Bridget Jones está de volta, depois de 12 anos de ausência, para novamente dividir-se entre dilemas amorosos, no terceiro longa sobre a famosa personagem inglesa criada por Helen Fielding. Só que agora as suas dúvidas se estendem também à paternidade da criança da qual está grávida e que dá título ao filme de Sharon Maguire: “O Bebê de Bridget Jones”.

O público não deve esperar reencontrá-la como a viu da última vez, feliz por, finalmente, se tornar noiva de Mark Darcy no final de “Bridget Jones: No Limite da Razão” (2004), e sim como a conheceu na telona: na pele de Renée Zellweger, de pijamas em um pequeno apartamento, se lamuriando ao som de “All By Myself”.

Nem por isso se precisa temer uma simples repetição de “O Diário de Bridget Jones” (2001), pois há novidades na trajetória da jornalista, agora com 43 anos.

O advogado especializado em Direito Internacional, Mark Darcy (Colin Firth), volta a sua vida, após cinco anos do fim da relação deles. Mas o playboy Daniel Clever (Hugh Grant) não está mais presente e a justificativa para isso rende uma sequência engraçada e funcional para a narrativa.

No seu lugar na disputa pelo coração da protagonista entra o empresário Jack Qwant (Patrick Dempsey), que ela encontra em um festival de música, ao estilo Glastonbury – com direito à participação do cantor Ed Sheeran, que ela desconhecia. Bastam uma noite com o desconhecido norte-americano e uma recaída com o ex inglês para Bridget engravidar, sem saber quem é o pai do bebê.

O roteiro da própria autora Helen Fielding – pela primeira vez sem adaptar uma trama diretamente de um de seus livros –, que contou desta vez com a colaboração de Dan Mazer e Emma Thompson (também atuando como uma espirituosa obstetra), mantém um ótimo ritmo cômico aliado à história romântica. Se boa parte das piadas funciona, ressente-se da repetição das “gags” relativas às clientes de Darcy, que são mais cansativas do que ofensivas.

Gemma Jones e Jim Broadbent, velhos conhecidos do elenco, voltam encarnando os pais dela, sendo mais aproveitados do que o trio de amigos que aparece pontualmente. Quem os substitui muito bem na função é Sarah Solemani, como Miranda, a apresentadora do jornal que Jones produz e cuja amizade com ela transparece nos diálogos rápidos.

Se para Dempsey a falta de desenvolvimento do personagem não o ajuda para que o eterno doutor "McDreamy" de “Grey's Anatomy” (2005-) tenha o mesmo apelo que já demonstrou em tantas comédias românticas, Firth tem a seu favor o conhecimento prévio de Mark, além de seu talento, para manter o charme e o temperamento de seu Mr. Darcy – inspirado no personagem original de “Orgulho e Preconceito”, que o ator já viveu em uma série de 1995.

Zellweger pode ter perdido a expressividade facial tão evidente na Bridget de antes, mas continua com o timing apurado e conectado à maturidade que sua personagem atingiu neste momento. Isso é visível também na direção de Sharon Maguire, que volta à função após estar à frente do primeiro capítulo da trilogia e não ser responsável pela sequência bem inferior: a necessidade de mostrá-la como uma pessoa atrapalhada ultrapassava limites ao representá-la como burra e pouco profissional, o que é sensivelmente reduzido neste terceiro longa.

Ainda que tenha faltado ousadia na escolha de um dos três finais filmados, a produção tem como principal mérito recuperar o espírito da personagem para os fãs, que deverão ficar até o fim dos créditos para ver uma foto especial, e o talento de Renée, relegado nos últimos anos.

(Por Nayara Reynaud, do Cineweb)

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