Foi o que se pode chamar de vitória anunciada. O Festival de Cannes, afinal, esperou dois ou três anos até que "A Árvore da Vida" ficasse pronto, para programar o filme de Terrence Malick. O júri presidido por Robert De Niro lhe atribuiu a Palma de Ouro, mas não se pode dizer que foi uma vitória tranquila - na sala onde a imprensa assistiu à premiação, metade do público vaiou.
Em compensação, o prêmio de melhor atriz para Kirsten Dunst foi recebido como uma verdadeira consagração. A atriz de "Melancholia" parecia estar nas nuvens. "Que semana!", disse. Havia grande expectativa pelo novo filme de Lars Von Trier, mas o escândalo provocado por suas declarações na coletiva - "OK, sou nazista" - deixaram o filme em segundo plano. O festival baniu o diretor dinamarquês, mas manteve seu filme na competição. Kirsten agradeceu por isso.
Na entrada do Palais, De Niro havia dito que seu júri "fez o que era possível". Se a vitória de "A Árvore da Vida" (estrelado por Brad Pitt) premiou um filme autoral, ambicioso e pretensioso, mas discutível nos seus pressupostos teóricos - e bíblicos -, os prêmios de interpretação foram impecáveis. Além de Kirsten, melhor atriz, o júri premiou o francês Jean Dujardin como melhor ator por um grande filme popular, "The Artist", de Michel Hazanavicius. Dujardin se ajoelhou diante de De Niro. O filme é belíssimo. Sem diálogos, em preto e branco, conta a história da ascensão, queda e ressurreição de um astro do período silencioso.
O prêmio de direção foi para o dinamarquês Nicolas Winding Refn, que assina o filme mais violento e estiloso da competição - "Driver", com Ryan Gosling.
O maior acerto do júri foi o grande prêmio, dividido entre os irmãos Dardenne, por "Le Gamin au Vélo", e o cineasta turco Nuri Bilge Ceylan, pelo exigente (e brilhante) "Once Upon a Time in Anatolia". Enfim, pode-se dizer que o grande pecado de De Niro e seus colegas jurados foi terem esquecido o finlandês Aki Kaurismaki. A crítica deu seu prêmio a Kaurismaki, na véspera. Sempre haverá quem conteste, mas "Le Havre", criminosamente esquecido pelo júri, foi o melhor filme de Cannes neste ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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