quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Uma vez por mês, Praça da Bolívia celebra o que há de melhor na Capital

 


Evento cultural é formado por famílias bolivianas na Praça do Bairro Coophafé

MARIANA MOREIRA


O vínculo com a comunidade boliviana começou a ser fortalecido a partir de 2005, com a inauguração da Praça da Bolívia, localizada na Rua das Garças, no Bairro Coophafé, em Campo Grande.


A professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) Suzana Vinicia Mancilla relatou que a Feira da Bolívia realizada todo segundo domingo de cada mês é resultado do trabalho de diversas famílias com origens bolivianas.


“Este projeto nasceu com o então cônsul da Bolívia em Campo Grande, Antonio Mariaca, meu irmão Edgar Mancilla e sua esposa, Miska Thomé, bem como, a família Zurita e suas deliciosas saltenhas bolivianas”, disse.


Conforme a professora, a Feira da Bolívia teve o intuito de congregar os bolivianos residentes em Campo Grande. “E acredito que de certa forma cumpriu e ainda cumpre seu objetivo nesses 17 anos”, afirmou Mancilla.


De 2009 até março deste ano, o Grupo Folclórico Boliviano T’ikay esteve à frente da administração da Praça da Bolívia, sendo responsável ainda pelo encontro mensal no segundo domingo. Com início às 9h e finalizando geralmente às 14h30min, a próxima edição do evento já está marcada e será realizada no dia 11 de setembro.


Apesar do nome da Praça remeter apenas à Bolívia, no decorrer dos últimos 17 anos, o evento cultural transcendeu as conexões dos bolivianos apenas com os campo-grandenses e se tornou um verdadeiro alento, refúgio e oportunidade para imigrantes de diferentes nacionalidades mostrarem a sua arte, fazerem amizade e comercializarem seu trabalho.


No espaço, além das deliciosas barracas de comidas típicas bolivianas, com a saltenha sendo a protagonista, a Praça da Bolívia passou a oferecer ao longo dos anos um cardápio rico em diversas culturas e costumes.


O evento cultural conseguiu resgatar, acima de tudo, a arte da conexão humana daqueles que uma vez por mês tiram um tempo de seu dia a dia atarefado para ouvir uma boa música, sentar na grama, trocar experiências e apreciar o melhor que cada canto do mundo tem a oferecer.


APRESENTAÇÕES

As apresentações durante a Feira da Bolívia contemplam diversos ritmos. Dos tradicionais, Suzana Vinicia Mancilla explicou que as danças típicas da Bolívia representam cada região do país vizinho.


“O que posso dizer é que cada dança apresenta uma representação simbólica do lugar, dos seus habitantes e seus costumes e crenças. Muitas vezes, as danças estão vinculadas ao aspecto religioso, pois os dançarinos dançam em homenagem a uma santa, como é o caso da Virgem de Urkupiña, festividade que tem origem em Cochabamba, celebrada nos dias 14, 15 e 16 de agosto”, relatou.


Ritmos brasileiros também passaram ao longo dos anos a fazerem parte do leque cultural dos domingos de evento. Música tradicional gaúcha, forró e danças que remetem ao oriente médio também foram integradas nas apresentações culturais.


O Grupo Mahila foi uma das atrações que se apresentou no evento deste mês de agosto na Feira da Bolívia. Ao Correio do Estado, uma das integrantes do grupo, a coreógrafa Morgana Shayra, 42 anos, explicou que diferentes influências formaram o estilo American Tribal Style (ATS).


“O American Tribal Style é um estilo de dança americano. Ele é uma fusão com a dança árabe, a dança indiana e a flamenca. Temos na dança vários aspectos da influência de diferentes culturas”, relatou Shayra.  


Campo Grande como a terra de novas oportunidades  

Durante a celebração dos 123 anos de Campo Grande, a professora universitária Suzana Mancilla ressaltou que a Capital é rota de novas oportunidades por ser uma cidade jovem e com potencial.


“Só tenho palavras de agradecimento e carinho com seu povo que é composto de uma rica diversidade. Faço votos que continuemos crescendo com atitudes de acolhimento com as pessoas que buscam este território para viver e fazer sua vida, e que também tenhamos sempre reconhecimento pelos primeiros habitantes locais”, reiterou Mancilla.


No Brasil, há quase 10 anos, o médico e secretário-geral da Colônia Boliviana, Orlando Turpo, afirmou que tem muito orgulho de dizer que faz parte de Mato Grosso do Sul e da Capital.


“Terra cálida e morena, que até já é automática a resposta quando alguém pergunta: você mora em Mato Grosso? Sai do coração com voz forte e firme: ‘do Sul’”, disse Turpo.


O médico destacou ainda que o objetivo agora é fortalecer ainda mais a comunidade boliviana na Capital, com a confraternização das culturas por meio dos eventos mensais e com o sonho da colônia ter uma sede, para que as danças e os costumes do país vizinho sejam cada vez mais difundidos e compartilhados com os campo-grandenses.


“Eu e minha esposa escolhemos ficar em Campo Grande por conta da proximidade com a nossa terra natal para matarmos a saudade mais fácil, além do fato que a Capital é uma cidade tranquila e com muito potencial de crescimento”, destacou Orlando Turpo.


Com informação do Portal Correio do Estado

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