O confronto entre a Ucrânia e a Rússia potencializou ainda mais a crise dos fertilizantes que os produtores rurais começaram a enfrentar no ano passado. A oferta limitada já era uma realidade global, que agora fica ainda mais evidente já que a Rússia é o segundo maior produtor de nitrogênio e potássio, e o quarto maior produtor de fósforo do mundo.
Segundo o analista de mercado Cristiano Palavro, o cenário aponta que o custo de produção vai subir no Brasil, já que a Rússia fornece 23% de todo fertilizante importado pelo Brasil. “Problemas de logística, restrições comerciais e sanções econômicas podem limitar os negócios com o país, ou no mínimo encarece-los. Isso tem levado a uma alta geral nos preços de fertilizante no Brasil, ampliando os custos de produção”, explica.
A percepção do mercado, segundo Palavro, é de que as exportações terão dificuldade em avançar no curto prazo, o que gera uma migração de demanda para outras origens, como é o caso do Brasil. “Outro impacto direto é no preço do petróleo, que pode ampliar a pressão aos preços dos combustíveis no Brasil, encarecer fretes marítimos, fertilizantes, entre outros”, explica.
Para diminuir a dependência brasileira dos insumos importados, o Governo Federal lançou o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF). Um dos objetivos do PNF é a implementação das medidas que visam reduzir a dependência de produtos nitrogenados em 51% e fosfatados em 5%, e tornar o Brasil um exportador de potássio. O Plano prevê ainda o uso de produtos brasileiros para substituir os químicos como os bioinsumos e os remineralizadores de solo.
Produtos nacionais
Para muitos produtores, as tecnologias brasileiras ainda são pouco conhecidas e utilizadas no país. Mas o cenário atual tem forçado a categoria a buscar novas ferramentas que possibilitem a produtividade, sem onerar tanto o custo de produção, como afirma Saulo Brockes que é mestre em agronomia e desenvolvedor de mercado da Tratto Agro.
Segundo ele, técnicas como a rochagem, bioinsumos e a utilização de biológicos auxiliam também no manejo da lavoura, reduz custo e aumenta a produtividade. “Podemos citar como exemplo a rochagem, que é a utilização de pó de rocha e remineralizadores de solos nas lavouras como forma de melhorar os níveis de fertilidade dos solos e nutrição de plantas”, diz.
O agrônomo explica que a técnica natural e sustentável, utiliza rochas silicáticas nacionais como fonte de multinutrientes para remineralizar os solos e regenerar os microrganismos nativos do ambiente. “Para atingir uma boa produtividade é preciso que o manejo seja planejado com antecedência para que sejam feitas todas correções necessárias no solo, atendendo aos critérios que a planta exige”, pontua ele.
Diferença das tecnologias para os fertilizantes químicos
A principal diferença dos fertilizantes químicos para os pós de rocha e os remineralizadores de solo é a solubilidade. Os adubos químicos são sais solúveis e adubam a planta por tempo limitado, somente enquanto disponível no solo.
Já as rochas, como o Fino de Micaxisto (FMX), por exemplo, é o contrário dos fertilizantes químicos, pois é insolúvel, ou seja, não é perdido por lixiviação e volatilização, não saliniza nem degradam o solo e meio ambiente. “Essas tecnologias são biodisponíveis, ou seja, vão nutrindo e disponibilizando a nutrição para as plantas de acordo com a demanda da cultura plantada”, detalha o mestre em agronomia.
Composição dos fertilizantes
É preciso entender que a maioria dos fertilizantes convencionais contém principalmente nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), que são chamados macronutrientes.
As plantas requerem macronutrientes em grandes quantidades. NPK são apenas três, dos quinze nutrientes essenciais e benéficos exigidos pelas plantas. “Ao escolher um programa de fertilidade, os produtores frequentemente negligenciam a necessidade de outros minerais e se concentram principalmente em NPK solúvel”, explica o mestre em agronomia.
Para que as plantas completem seu ciclo de vida e produzam todo o seu potencial, é necessária uma ampla gama de nutrientes. “Os remineralizador de solos que são registrados pelo MAPA, são fonte natural de minerais que promove gradualmente o equilíbrio do solo, benéficos ao meio ambiente e alguns ainda podem ser usados na produção orgânica”, pontua Brockes.
Ele acrescenta ainda que além de auxiliar na regeneração dos solos e aumentar a produtividade das plantas, esses produtos costumam ser 90% mais baratos que os químicos. “Por se tratar de uma produção nacional, consequentemente o valor é baseado na nossa moeda, o preço final fica bem abaixo do praticado pelas grandes multinacionais. Optando por essas tecnologias, com certeza o produtor deixa de ser refém das importações e do dólar, e ainda colabora para uma agricultura mais sustentável”, enfatiza.
assessoria de imprensa.
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