Com a inflação já alta no Brasil, fábricas não deverão repassar integralmente os impactos sobre os preços das commodities
Agência Estado
Com a inflação já alta no Brasil, as fábricas brasileiras não deverão conseguir repassar integralmente os impactos da invasão russa na Ucrânia sobre os preços das commodities. Na avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), as empresas terão que absorver parte desse custo da guerra que, se for prolongada, poderá ampliar os problemas financeiros do setor.
"Há um desemprego elevado no mercado interno que dificulta o repasse de preços na mesma proporção do aumento de custo. Com isso, pode haver uma redução da margem de lucro das empresas ainda afetadas pela crise, o que aumenta o risco de falências e de dificuldades em negociar dívidas", alerta o gerente-executivo de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles.
A entidade destaca que a pressão inflacionária é o principal impacto inicial do conflito para as indústrias brasileiras, com o aumento do custo de commodities agrícolas, minerais e energéticas desde que as tropas russas ingressaram no território ucraniano.
"Uma duração mais longa da guerra poderá ampliar não só os efeitos sobre commodities, mas também ampliar os impactos negativos sobre o crescimento da economia mundial, influenciando as exportações brasileiras como um todo", acrescenta Teles.
Ao mesmo tempo em que eleva os custos de matérias-primas, a guerra tende a desorganizar as cadeias globais de produção de bens intermediários, como chips e semicondutores. Rússia e Ucrânia estão entre os principais produtores de metais utilizados como componentes nesses produtos. Além disso, a logística de transportes intercontinentais também deve ser impactada pelo conflito no Leste Europeu.
"Quando você reabre os fluxos de suprimentos, a reorganização da logística de transportes ocorre aos poucos. Vai haver um impacto de mais longo prazo nesse sentido, até os mercados se regularizarem e essa desorganização é transmitida via preço. A redução desses preços vai acontecer à medida que os fornecedores consigam entrar novamente no ritmo de produção e distribuição para os compradores", explica o superintendente de desenvolvimento industrial da CNI, Renato da Fonseca.
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