Pesquisadores e técnicos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) anunciam que vão começar a visitar cerca de 30 polos agrícolas do Brasil para ensinar como aumentar a eficiência de uso dos fertilizantes e insumos no campo. O objetivo é baixar custos de produção e consequentemente, diminuir a dependência brasileira de fornecedores externos e de eventos como a guerra entre Rússia e Ucrânia.
A Embrapa pretende estimular os produtores rurais a adotar novas tecnologias e de boas práticas de manejo de solo, água e plantas. A ação vai se chamar “Caravana Embrapa FertBrasil” e está entre as medidas de curto e médio prazo do Plano Nacional de Fertilizantes, que será lançado pelo governo federal nas próximas semanas.
“Nosso objetivo é sensibilizar as lideranças ligadas às cadeias produtivas da agropecuária, além de técnicos, consultores e multiplicadores, para que o Brasil possa superar a crise dos fertilizantes por meio de capacitação e troca de conhecimentos sistematizados entre os institutos de pesquisa e o setor produtivo, estabelecendo um diálogo da pesquisa com o agronegócio no Brasil, propondo soluções tecnológicas para cada um desses 30 polos agrícola”, explicou Celso Moretti, presidente da Embrapa.
De acordo com ele, as práticas ensinadas podem ter impacto imediato, promovendo uma economia de até 20% no uso dos fertilizantes no Brasil já na safra 2022/23, podendo resultar em até um bilhão de dólares de economia para o produtor rural brasileiro. A ênfase está na importância do manejo sustentável dos solos e fertilizantes para maximizar a eficiência de uso destes insumos, melhorar a produtividade e garantir a competitividade da agricultura e a produção de alimentos no Brasil.
“A gente aprende na agronomia que é preciso fazer a aplicação de adubo de acordo com a análise de fertilidade do solo e análise da folha da planta. Mas sabemos que em muitos lugares do Brasil, eles acabam utilizando uma receita pronta, um pacote tecnológico genérico. Por exemplo, 500 kg/ha fertilizante NPK [nitrogênio, fósforo e potássio] independentemente da fertilidade do solo ali presente”, mas, de acordo com o preço do fertilizante, destacou Moretti.
“Nossa meta é reduzir em 25% a demanda por fertilizantes importados até 2030. O Brasil não tem uma vara de condão para mudar isso do dia para a noite”, afirmou o presidente da Embrapa. Por isso, segundo ele, a empresa priorizou cinco frentes de pesquisa: biofertilizantes, organominerais, fertilizantes nanoestruturados, agricultura de precisão e condicionadores de solo com pó de rocha.
De acordo com a Embrapa, o Brasil consome cerca de 8,5% dos fertilizantes a nível global, ocupando a quarta posição. A diferença é que os outros maiores consumidores: China, Índia e Estados Unidos, também são grandes produtores mundiais de fertilizantes – à exceção do Brasil, que importou em 2021 cerca de 89% das 43 milhões de toneladas consumidas na produção agrícola.
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