terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Workshop na capital discutirá possíveis ameaças sanitárias

A comercialização e o uso na alimentação humana da carne representam dois contextos de grande relevância para o Brasil. De um lado está o perfil e prática de uma complexa cadeia produtiva que tem pela frente a difícil tarefa de atender a crescente demanda mundial pelo produto. Do outro, a necessidade básica, o alimento diário, que não deixa de representar um indicativo de melhora na condição econômica da população.

Mas, para que cadeia produtiva da carne venda e o consumidor compre, é fundamental que haja preocupação com a Defesa Sanitária. Pensando nisso, o Projeto de Inovação Tecnológica para Defesa Agropecuária (InovaDefesa) em conjunto com a Universidade Federal de Viçosa e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) realizam nos dias 1 e 2 de março de 2012, em Campo Grande (MS), na sede da Embrapa Gado de Corte, o Workshop de Ameaças Sanitárias para a Cadeias Produtivas de Carnes.

Conforme o banco de dados da Organização Internacional de Epizootias (OIE), foram identificados cerca de 30 agentes patogênicos de notificação obrigatória em países da América do Sul e que não foram notificados no Brasil nos últimos três anos. Como exemplos, podem ser citadas a febre aftosa, paratuberculose, surra, tripanossomose, tricomonose, síndrome reprodutiva e respiratória dos suínos, febre-do-nilo-ocidental e doença de Newcastle. Vale lembrar que deve ser considerado também o potencial impacto, em saúde pública, quando o agente patogênico apresenta comportamento zoonótico.

Segundo o coordenador do projeto, Evaldo Vilela, o principal objetivo do workshop é identificar quais são os agentes patogênicos animais com maior probabilidade de ingresso no Brasil a partir dos países da América do Sul e Caribe. A base do evento parte de uma preocupação estratégica com o sistema de vigilância de fronteiras internacionais que apresenta fragilidades. O trânsito de animais, pessoas e produtos de forma ilegal é o maior problema.

“A extensão territorial do Brasil é um grande desafio. Somos um país continental. Com áreas muito remotas e fronteiras muito grandes. Desse modo, precisamos nos preparar para enfrentar as ameaças externas. A análise que será elaborada a partir do workshop tem esse papel. Ela servirá como um instrumento que pautará a pesquisa, a produção tecnológica e a fiscalização no âmbito da Defesa Agropecuária. A maior meta desse trabalho é o aperfeiçoamento, por meio da Ciência e Tecnologia, dos mecanismos de fiscalização para que o País tenha um sistema de vigilância mais moderno, capaz de responder com rapidez e eficiência; assegurando assim o crescimento do agropecuária”, explicou Vilela.

No ritmo do crescimento brasileiro reside, portanto, o risco da entrada de agentes patogênicos. Boa parte desses agentes é regulamentada por países com os quais o Brasil possui relação comercial. Na hipótese de ingresso, esse incidente pode resultar perdas expressivas na produtividade, custo do desenvolvimento de tecnologias de controle, bem como a perda de mercado. Para o chefe geral da Embrapa Gado de Corte, Cleber de Oliveira Soares, é fundamental que o país se antecipe e faça uso da pesquisa nesse contexto. “Temos que lembrar que as cadeias produtivas de carnes representam um dos mais importantes nichos econômicos do país. Quem não se lembra do que ocorreu em 2005 com a febre aftosa?! As perdas foram enormes. Por isso é urgente realizar uma análise como essa para evitar novos problemas”, alertou Cleber.

O Workshop de Ameaças Sanitárias para o Brasil é destinado a gestores de órgãos oficiais de Defesa Agropecuária, ao setor privado (produtores, indústrias de insumos agrícolas e veterinários e associações que os representam), pesquisadores e interessados em geral. Para mais informações acesse: www.inovadefesa.ning.com.



INOVADEFESA


O projeto InovaDefesa foi uma demanda induzida pelo Fundo Setorial para o Agronegócio que, por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), concedeu recursos financeiros a um conjunto de instituições sob a coordenação da Universidade Federal de Viçosa. O Projeto tem por objetivo aproximar a academia e os centros de pesquisa do tema, setor empresarial e órgãos de governo das esferas estadual e federal envolvidos com o tema. As ações são focadas em: (1) indução de cursos de Mestrado Profissional e de curta duração; (2) facilitação da transferência de tecnologias para o setor privado ou órgãos regulatórios; (3) indução de uma visão estratégica sobre o sistema de Defesa Agropecuária e (4) criação de espaços presenciais e virtuais de interlocução.

No que se refere à indução de visão estratégica, o Projeto InovaDefesa vem realizando desde 2009 estudos e levantamentos sobre pragas agrícolas e sobre agentes patogênicos de animais que ocorrem nos países da América do Sul e Caribe, mas que não tenham sido relatados no Brasil ou que não tenham sido registrados nos últimos anos. O fato que motivou o início desta linha de pesquisa foi a informação de que o Governo Federal está realizando um conjunto de obras de infraestrutura viária, as quais levarão a um incremento no trânsito nacional e internacional de pessoas e mercadorias.


Para mais informações e inscrições: www.inovadefesa.ning.com

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