sexta-feira, 18 de março de 2022

Onda bolsonarista faz PL de MS perder autonomia em decisões

 

Historicamente sigla caminhou ao lado de Puccinelli, sob a tutela de Edson Giroto, mas novas filiações foram todas acertadas diretamente com cúpula nacional

CELSO BEJARANO, NYELDER RODRIGUES



Antes do início da janela partidária, que segue até 1º de abril, o Partido Liberal (PL) de Mato Grosso do Sul aparecia sob a tutela de aliados de primeira monta do ex-deputado Edson Giroto e do ex-governador emedebista André Puccinelli. 


A movimentação de nomes em torno da sigla era pequena, ainda mais com a liderança do projeto bolsonarista no Estado, a ministra Tereza Cristina (Agricultura), aportando no PP.


Contudo, iniciado o período de mudança de partidos, o panorama passou a ser outro: o bolsonarismo prevaleceu, e as tendências regionais ficaram em segundo plano, com os principais acertos sendo feitos direto em Brasília (DF), onde quem comanda a sigla com mãos de ferro é Valdemar Costa Neto, nome intimamente ligado ao poder, mesmo sem ter mandato a cumprir.


Ao menos desde a abertura da janela, o PL regional foi o que mais obteve filiações de parlamentares em Mato Grosso do Sul. 


A legenda triplicou a bancada estadual, subindo de apenas um deputado – João Henrique Catan, neto do ex-governador Marcelo Miranda e que possui laços com emedebistas – para três. Entraram na sigla os também deputados estaduais Capitão Contar e Coronel David, ambos bolsonaristas, que acertaram a mudança diretamente na capital federal.


Além disso, o partido ganhou a presença de Loester Trutis, dissidente do antigo PSL, hoje fundido com o DEM e chamado União Brasil, assim como os dois citados anteriormente. Deputado federal, Trutis integrará nova bancada de fiéis a Jair Bolsonaro.


Agora, a grande questão do Partido Liberal em Mato Grosso do Sul é aguardar o próximo passo determinado por Valdemar. Sabe-se que, desde já, a ordem é apoiar alguém que esteja alinhado ao bolsonarismo e demonstre apoio à reeleição de Jair Bolsonaro.


São situações que, ao olhar dos mais leigos, podem parecer difíceis, afinal, todos os pré-candidatos a governador lançados até agora têm em seus partidos presidenciáveis adversários de Bolsonaro ou apoio claro a algum deles.


Contudo, uma rápida análise de conjuntura mostra que um nome desponta como favorito: o tucano Eduardo Riedel já tem o apoio claro de Tereza, indicativo de que ele pode ser o nome oficial do PL em Mato Grosso do Sul, deixando assim o outrora aliado Puccinelli de lado.


Ainda assim, ninguém do partido, desde o presidente estadual aos antigos e recém-filiados, definiram ainda qual o nome ao governo estadual a apoiar, aguardando orientação de Valdemar Costa Neto.


“Nós, do PL, apoiaremos o candidato que esteja alinhado e comprometido com a eleição do presidente Bolsonaro. O partido está inteiro, unido, firme, se tornou a maior bancada da Câmara dos Deputados, com 63 deputados [até dezembro eram 43]. Seguindo a orientação da executiva nacional, todos do partido têm que estar comprometidos com a eleição do presidente Bolsonaro e fazer o que ele determinar e que seja melhor para sua reeleição”, afirmou Catan, o parlamentar mais jovem da Assembleia Legislativa de MS, em conversa com o Correio do Estado.


O deputado afirmou ainda que a sigla “vai caminhar nesse sentido. O candidato que estiver alinhado com os ideais, com as bandeiras apresentadas, terá nosso apoio”.


Coronel David, que anunciou anteontem sua ida para o PL, também adota o mesmo discurso de Catan.


“Estou indo amanhã cedo [hoje] para Brasília. Eu vou aguardar orientação da executiva nacional”, disse o deputado estadual.


O atual presidente do PL em Mato Grosso do Sul, Filinto Gomes de Abreu, afirma que sempre defendeu as bandeiras bolsonaristas, no entanto, ao tratar das disputas regionais, ele não esconde de ninguém que tem preferência pela pré-candidatura do ex-governador emedebista André Puccinelli.


Filinto é nome ligado a Giroto e admite a influência e a participação do ex-secretário de Obras de Campo Grande e do Estado no partido. 


Contudo, a decisão a qual lado penderão nessas eleições deve ficar fora do alcance do grupo no pleito de outubro.


Cabe destacar que, em 2018, Bolsonaro teve à sua disposição dois palanques no Estado: um com o tucano Reinaldo Azambuja, que ficou mais próximo no segundo turno; e o outro com o então pedetista juiz Odilon, que demonstrou apoio, mas a recíproca esperada não veio.


Informação com o Portal Correio do Estado

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