Foto: Alan Santos/PR
Segundo Tereza Cristina, safra atual está assegurada. Guerra entre Rússia e Ucrânia ameaça compras externas. Brasil importa 80% dos fertilizantes que usa, e Rússia é principal fornecedor.
Por Ana Paula Castro, TV Globo — Brasília
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou nesta quarta-feira (2) que não há risco de desabastecimento de fertilizantes para a safra atual brasileira e que busca alternativas para a safra que se iniciará em setembro.
O receio de escassez de fertilizantes químicos, ferramenta usada pelos agricultores para aumentar a produtividade do solo, é motivado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que restringiu os fluxos comerciais dos dois países. A Rússia fornece 23% dos fertilizantes importados pelo Brasil.
Segundo a ministra, para a safra deste ano, não haverá problemas. "A safra brasileira que acontece neste momento, que é a safrinha, já está acontecendo. O que precisava de fertilizante, já chegou, já está com o produtor rural, que já está plantando", disse Tereza Cristina.
A preocupação, segundo ela, é com o abastecimento para a próxima safra, que começa a ser plantada a partir de setembro.
Por isso, o ministério estuda três alternativas:
diversificar a importação;
utilizar menos fertilizantes — a intenção é contar com apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para ir a campo e ensinar aos produtores métodos de produção com menor uso de fertilizantes;
agilizar o fluxo de entrada dos fertilizantes nos portos.
De acordo com o Ministério da Agricultura, o Brasil é o quarto consumidor mundial de fertilizantes e importa cerca de 80% do volume utilizado na produção agrícola.
Em 2021, os produtores brasileiros aplicaram US$ 15,1 bilhões em adubos e fertilizantes químicos. Ao todo, foram importados 41,6 milhões de toneladas, segundo dados do Comex Stat, do Ministério da Economia.
O maior volume importado veio da Rússia: 9,2 bilhões de toneladas, o que representa cerca de 23% do total importado pelo Brasil no ano passado. Em seguida, os maiores exportadores para o Brasil, em volume de fertilizantes, foram China (15%), Canadá (10%), Marrocos (7%) e Belarus (6%).
Entre 2020 e 2021, a importação brasileira de fertilizantes da Rússia cresceu 22%.
Produção nacional de fertilizantes
Entre janeiro e novembro de 2021, de acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), o Brasil produziu 6,3 milhões de toneladas de fertilizantes intermediários — produtos que servem tanto para uso na lavoura quanto matéria-prima para a indústria de fertilizantes.
No mesmo período, o país importou 35,6 milhões de toneladas de fertilizantes intermediários.
A Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República fez um estudo, em 2020, para avaliar os gargalos da produção nacional.
O documento apontou que, dentre os principais obstáculos para o desenvolvimento da produção nacional de fertilizantes, estão a falta de infraestrutura logística para distribuição do produto no país; a baixa inovação tecnológica do setor; e a falta de conhecimento geológico do solo brasileiro.
Em janeiro de 2021, o presidente Jair Bolsonaro assinou decreto criando um grupo de trabalho para elaborar o Plano Nacional de Fertilizantes, com ações para estimular a produção de insumos e diminuir a dependência de outros países. Segundo a ministra Tereza Cristina, o plano deverá ser apresentado no final deste mês.
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