Tanque cheio de diesel já passa dos R$ 4 mil; dificuldades se acumulam, mas ainda não há protestos no horizonte
O aumento no preço do óleo diesel, que começou a valer a partir desta sexta-feira (11) está deixando os caminhoneiros apreensivos. Para alguns deles, falta muito pouco para que a categoria cobre as autoridades de alguma maneira.
Conforme o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros de Mato Grosso do Sul, Osni Carlos, a “corda” dos profissionais da categoria “arrebentou” há muito tempo. Segundo o sindicalista, no momento, inexiste qualquer articulação estadual sobre paralisação das atividades, entretanto, Carlos pontua que um retorno das lideranças nacionais deve emergir nos próximos dias.
“Acredito que em uma semana teremos algo oficial de nossas lideranças nacionais. No momento é bastante delicado realizar qualquer movimento grevista”, pontua.
Em Campo Grande, até quarta-feira (9), o litro do óleo diesel era vendido abaixo de R$ 5. Agora, é encontrado a pelo menos R$ 6,50 o litro.
Segundo Osni Carlos, o anúncio oficial servirá para que a categoria articule os trabalhadores em Mato Grosso do Sul. Sem paralisação, o profissional falou sobre a precarização das atividades exercidas pelos caminhoneiros. “Os atravessadores, aqueles profissionais que atuam como convém, de maneira autônoma, acabam com parte das arrecadações e alguns valores, que não chegam ao bolso de muitos caminhoneiros que atuam de forma regularizada, fator que nos prejudica.
Um tanque: R$ 4 mil
Natural de Três Lagoas, o caminhoneiro Fábio Ferreira, 55 anos, também desconhece qualquer greve até o momento. Caminhoneiro há 22 anos, Ferreira retornou nesta sexta-fera (11) do Mato Grosso.
Empregado em uma empresa privada e pai de quatro filhos, o caminhoneiro pontuou que o aumento dos combustíveis permite que apenas as grandes empresas se mantenham ativas. Para ele, o acréscimo nas tarifas, assim como as greves, afastam os caminhoneiros que atuam por conta própria.
“Apenas as grandes empresas conseguem trabalhar nestas condições. Se o caminhão quebra, ou se o trabalhador autônomo fica cerca de 10 , 15 dias sem ‘puxar’, às vezes com parcelas de R$4, 5 mil para pagar o veículo, não aguenta a crise.
Natural de Três Lagoas e morador de Campo Grande há 15 anos, Ferreira viaja sobre um caminhão graneleiro de nove eixos, e paga cerca de R$9 a R$15 reais por cada um deles, em todos os pedágios que encontra durante as viagens. “Sou pai de quatro filhos, e o combustível aumentou cerca de R$0,80 por litro só de ontem para hoje. Meu caminhão suporta 700 litros por tanque, então fica complicado”, relata.
Com o diesel em torno de R$6,50 em alguns postos da capital, Ferreira gasta mais de 4,4 mil reais apenas para completar a capacidade do tanque de combustível de seu caminhão. “A gasolina e o diesel sobem, as manutenções ficam mais caras, já os valores recebidos por nossos fretes permanecem estagnados”, diz o trabalhador que recebe cerca de 12% por tonelada de grãos.
Alternativa
De acordo com Osni Carlos, um aplicativo móvel, lançado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), e responsável por calcular valores de fretes, valores por trajeto percorrido, é essencial para que os caminhoneiros possam trabalhar de forma justa.
Por enquanto, greve descartada
O presidente do Sindicargas (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte de Cargas do Estado de Mato Grosso do Sul), Gilmar Ribeiro da Silva, demonstrou preocupação com o aumento dos preços dos combustíveis em todo o estado. De acordo com o líder, o anúncio dos reajustes realizado pela Petrobras afetará empresariado e trabalhadores. Segundo ele, ambas as classes devem chegar em um “denominador comum” para evitar greves, movimento que, de acordo com Silva, é ventilado em outros estados do país.
“Ouvimos falar sobre movimentos grevistas em outros estados, e isso atingiu a classe patronal e trabalhadora. Meu temor é que hajam demissões em massa nas transportadoras, mesmo que até o momento, inexistam articulações de greve em Mato Grosso do Sul. Segundo ele, as alterações nos preços da gasolina (18,8%) e diesel (24,9%), realizados pela petrolífera, farão com que o empresariado “faças contas” e considere paralisar suas frotas, caso não ‘vislumbre’ vantagem em manter caminhões e trabalhadores ativos ao mesmo tempo em que os preços dos combustíveis aumentam.
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