segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Pesquisa desenvolve peixe sem espinhas

 


Proteína foi cultivada em laboratório no Rio de Janeiro
Por:  -Eliza Maliszewski

Já imaginou comer um peixe com nenhuma espinha? Isso já é possível e sem precisar retirá-las no processo de cozimento ou filetagem. Uma startup sediada, no Rio de Janeiro (RJ), conseguiu fazer a primeira bioprodução da carne de peixe cultivada em laboratório no Brasil. 



O trabalho é desenvolvido, inicialmente, com as espécies garoupa, cherne, robalo e linguado e abre espaço para a produção de peixes em laboratório em escala industrial, eliminando o abate dos animais. Funciona assim: a partir da biópsia das espécies comerciais, foram obtidas e cultivadas células-tronco que serviram de fonte das linhagens celulares, que possuem alta capacidade de reprodução. Depois, foram definidos os melhores nutrientes e as condições de cultivo em laboratório para seu crescimento. As células foram então alimentadas em biorreatores para formar a biomassa de proteínas da carne de pescado.


O método foi desenvolvido no Banco de Células do Rio de Janeiro, localizado em Duque de Caxias, que vai executar todo o processo. A expectativa é desenvolver um protótipo até o final do ano e começar a produzir e comercializar a proteína já em 2023.


Inicialmente seriam colocados no mercado embutidos, como salsichas, e alimentos preparados como nuggets e hambúrgueres. Com o uso de impressoras 3D também está prevista a fabricação de produção de filés e sashimis e avançar para outras espécies como atum, salmão, bacalhau e namorado.


"É uma alternativa mais ecológica, sustentável. Você tem economia de água, espaço. Quando você fala de peixe, significa não ter mais que ficar pescando, acabando com populações, inclusive ameaçadas de extinção", destacou o biólogo marinho Marcelo Szpilman, fundador e CEO da startup Sustineri Piscis.


A Organização das Nações Unidas (ONU) projeta que será necessário aumentar a produção de alimentos em 70% até 2050 e por isso, estima-se que 35% das carnes consumidas no mundo em 2040 deverão ser produzidas a partir da reprodução celular.


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