sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Brasil não tem mais espaço para armazenar

 

                                                          Leonardo Gottems

Déficit está concentrado nos estados da Região Centro-Oeste
Por:  -Leonardo Gottems


A safra brasileira de 2022/23 terá um grande problema pela frente: um deficit recorde de armazenamento de mais de 100 milhões de toneladas, aponta a AgWeb Farm Journal. A situação se torna ainda mais delicada em função da previsão de safra recorde de 313 milhões de toneladas de soja, milho, algodão, arroz e trigo. 



De acordo com o artigo da AgWeb Farm Journal, apenas 15% das fazendas brasileiras possuem armazéns ou silos. Para se ter uma ideia do tamanho do problema no Brasil basta comparar com seu principal concorrente no mercado agrícola mundial: Nos Estados Unidos 54% das propriedades possuem armazenagem.


Há vinte e dois anos, em 2010, a capacidade de armazenamento do Brasil alcançava 90% da produção total de grãos. No entanto, o deficit aumentou significativamente na última década em função da expansão da produção agrícola brasileira sem o devido acompanhamento da construção de silos. Essa disparidade provocou a situação atual: apenas 67% do que os brasileiros colhem pode ser armazenado.


Segundo o AgWeb Farm Journal, o deficit de armazenamento de grãos no Brasil está concentrado nos estados da Região Centro-Oeste: Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul. Esses estados respondem por quase metade da produção nacional de grãos – e não por acaso foram os que experimentaram o maior crescimento da produção nos últimos anos.


Joana Colussi, pesquisadora associada de pós-doutorado na Universidade de Illinois, afirma que “o crescimento da capacidade de armazenamento desde 2010 não foi proporcional ao aumento da produção agrícola no mesmo período. Embora haja crédito público e privado para a construção de armazéns, os produtores brasileiros ainda precisam ser convencidos sobre o retorno positivo desse tipo de investimento. Essa situação pode representar um risco para a competitividade futura da agricultura brasileira”.

Nenhum comentário: