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Documentarista premiada e experiente, Liz Garbus (What Happened, Miss Simone?) estreia na ficção com o suspense dramático Lost Girls - Os Crimes de Long Island, que parte de um acontecimento real para investigar as marcas que o sumiço de várias moças deixa na vida de seus familiares e amigos. Esse ponto de partida – que tem um pé no documental – serve como força propulsora de um filme que conta com uma performance excepcional de Amy Ryan, no papel de uma das mães das vítimas.
Ryan é Mari Gilbert, mãe de três garotas que descobre que a filha mais velha, Shannan, que mora em Jersey City, não só é uma trabalhadora sexual como está desaparecida. O que aconteceu com a moça? E, como se descobre depois, não apenas com ela, mas outras com o mesmo perfil que também sumiram. A busca por desaparecidas, no entanto, torna-se a busca por um assassino em série.
Diversos elementos tornam-se um empecilho para que a polícia realmente se engaje nessa investigação. O principal deles é o fato de Shannan ser uma prostituta e viciada em drogas. Ela se torna notícia de jornal – “prostituta desaparecida”- o que traz pouca ou quase nenhuma simpatia ao caso. Assim, torna-se a luta de uma mãe solitária contra o sistema – representado especialmente por um detetive (Gabriel Byrne) – para descobrir o que houve com sua filha.
Garbus trabalha com um roteiro escrito por Michael Werwie, a partir do livro de reportagem de Robert Kolker, e cria um suspense mais focado nas dinâmicas de pequenos poderes – mãe da vítima x polícia – do que na cartilha do gênero. Dessa maneira, pode ir a fundo na psicologia da perda e do estado de um luto que não se pode atravessar. Como Mari vela uma filha cujo corpo nunca é encontrado? Como ela elabora essa cratera em sua vida? A única maneira que tem para lidar com isso é não apenas forçar as autoridades a descobrir o que aconteceu com Shannan, como ela mesma, como mãe, fazer sua própria investigação. Dessa maneira, a diretora joga com o gênero de serial killer, tirando o foco do assassino e colocando como peça central de seu filma as vítimas e seus familiares.
Alysson Oliveira
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