sábado, 11 de abril de 2020

Freud | Trailer da temporada 01

Cine Web

Freud
Ficha técnica
Nome: Freud
Nome Original: Freud
Cor filmagem: Colorida
Origem: Áustria
Ano de produção: 2020
Gênero: Drama
Duração: 440 min
Classificação: 16 anos
Direção: Marvin Kren
Elenco: Robert Finster, Ella Rumpf, Georg Friedrich, Marie-Lou Sellem


A primeira temporada da série da Netflix estreou no começo da quarentena e tornou-se um dos sucessos desta época de confinamento social. Partindo de uma figura real e consagrada como o pai da psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939), a série, dirigida e corroteirizada por Martin Kren, toma imensas liberdades - talvez demais - com ele. Por isso, de cara é preciso dizer: ninguém pense em aprender nada sobre Freud aqui, muito pelo contrário, já que há mais mentiras do que verdades. É ficção mesmo, embora incorpore aqui e ali alguns detalhes verídicos.

Não há, em princípio, nenhum problema em reimaginar vidas e fatos reais. A questão é o equilíbrio que se atinge ou não. E, claramente, Freud, a série, degringolou em vários momentos em sua mistura mal-construída entre as pesquisas do jovem Freud sobre hipnose, seu uso pessoal da cocaína (fato real) e episódios sobrenaturais envolvendo espiritismo e uma estranha seita húngara (totalmente ficção). Além disso, em alguns momentos, a violência gráfica esbarra no trash.

Não que tudo seja ruim. Na verdade, há muita qualidade técnica na fotografia e nos cenários desta Viena dos anos 1880, onde o jovem e recém-formado médico Sigmund Freud (Robert Finster) procura iniciar sua carreira. Também não é nada mau o elenco, encabeçado pelo citado Finster, a jovem Ella Rumpf, intérprete da centralíssima Fleur Salomé, e Georg Friedrich, na pele do comissário Alfred Kiss, possivelmente o personagem mais carismático da história.

Um grande problema, logo no início do primeiro episódio (“Histeria”), é colocar o jovem médico como uma espécie de charlatão, tentando convencer sua governanta, Lenore (Brigitte Kren), a fingir estar hipnotizada numa sessão planejada para a escola de medicina. O desenrolar da situação leva a outros caminhos, mas a credibilidade, para mim, ficou comprometida de saída.

Freud, naqueles dias, é retratado como um jovem médico procurando investigar novos caminhos de cura para pacientes vitimados por vários tipos de distúrbios psíquicos, na época enfeixados pelo nome genérico de “histeria”. E aí entrava sua pesquisa da hipnose - aliás, fato real na vida do futuro pai da psicanálise.

O problema é quando Freud se envolve com Fleur, uma jovem húngara dotada de poderes mediúnicos, explorada por um misterioso casal de condes do mesmo país, os Szápáry (Anja Kling e Philipp Hochmair). A partir daí, Freud enreda-se numa trama liga à investigação de vários crimes sangrentos em Viena, além de uma forte atração por Fleur, tanto física quanto psiquicamente.

É uma pena que uma personagem tão rica em possibilidades quanto Fleur seja transformada numa espécie de pomba-gira tresloucada, sacudida tanto por suas visões quanto por suas traumáticas memórias de infância. E, o que é pior, essa mistura entre realidade e sobrenatural é muito confusa.

O comissário Kiss, o personagem mais complexo da história, apresenta uma densidade maior, com seu passado traumático numa guerra na Bósnia, que levou à morte de seu filho e à sua obsessão pela vingança contra um oficial aristocrata, Georg von Lichtenberg (Lukas Miko).  Freud é um personagem muito mais inseguro, hesitante, não raro bizarro mesmo, absurdo.
De todo modo, parece que a série pegou e tudo indica que poderá ter uma segunda temporada. Caso isso realmente aconteça, é de se torcer que tenha um pouco mais de capricho no desenho da personalidade de Freud e o deixe longe de tramoias sobrenaturais alopradas. Um pouco mais de humor e ironia ajudariam também. Nesta primeira temporada, os raros momentos mais leves pertencem às participações do médico e escritor Arthur Schnitzler (Noah Saavedra, protagonista de Egon Schiele - Morte e Donzela), outro personagem real e que realmente foi amigo de Freud e admirado por ele - embora nunca tenha participado das sequências rocambolescas imaginadas aqui.

Neusa Barbosa

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