quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Guedes: Negacionistas e negativistas querem destruir esforço de reconstrução

 



Agência Brasil

Nos últimos dias, diversas instituições revisaram suas projeções de crescimento para 2022

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quarta-feira, 15, que "negacionistas" da melhora na economia querem "destruir o esforço de reconstrução nacional porque foram deslocados do poder". Em entrevista à Jovem Pan, ele também acusou esse grupo, sem citar nomes, de querer "derrubar a economia para fazer política".


"Do mesmo jeito que subiram em cadáveres para fazer política, agora vão derrubar economia para fazer política. Vão dizer que economia caiu, não cresceu mais... pô, só depende de nós", afirmou Guedes.


Nos últimos dias, diversas instituições revisaram suas projeções de crescimento para 2022, prevendo um desempenho menor do Produto Interno Bruto (PIB) - algumas delas esperam alta menor que 1%. O governo até agora prevê avanço de 2,5%, mas novas estimativas serão divulgadas amanhã pela Secretaria de Política Econômica (SPE) da pasta.


"Negacionistas, oposicionistas e negativistas querem destruir o esforço de reconstrução nacional porque foram deslocados do poder. Nós estamos lutando para botar Brasil para crescer", disse.


Guedes afirmou que a "volta em V" após o pico dos efeitos da pandemia de covid-19 sobre a economia já aconteceu e que, agora, o desafio é sustentar uma taxa de crescimento.


Ele reconheceu que esse ritmo de avanço não ficará nas mesmas taxas que devem ser observadas em 2021, ao redor de 5%, e disse "nunca" ter falado que o ritmo de crescimento continuaria em V. "Não existe crescimento real acima de 5%, indo pra 10%, 15%. Volta em V é economia que está lá embaixo e volta", afirmou.


Segundo o ministro, os "negacionistas de fundamentos econômicos" previam que a dívida chegaria a 100% do PIB após os gastos extras da pandemia de covid-19 - o indicador chegou a beirar os 90% do PIB no ano passado, mas caiu a 83,8% do PIB em julho deste ano, segundo dados do Banco Central.


Guedes disse ainda que a "perspectiva para o ano que vem está em aberto" e voltou a falar em "rolagem de desgraça".


"O desastre está sendo rolado desde o primeiro ano. Economistas previram que democracia ia desmilinguir no primeiro ano, fizemos reforma da Previdência", afirmou. "Os fundamentos fiscais estão sólidos. Somos o primeiro governo que vai terminar gestão gastando menos", acrescentou o ministro.


Para ele, o dólar já era para ter caído de nível, mas "o barulho político está muito grande". "Temos de baixar barulho político, o dólar se acalma", disse.


Inflação


Guedes reconheceu que a inflação está mais elevada, mas disse que há geração de "1,5 milhão de empregos a cada semestre".


O índice oficial de inflação mostra uma alta de 9,68% em 12 meses até agosto. Já os dados do Caged apontam abertura de 1,85 milhão de vagas com carteira assinada no ano até julho.


No entanto, a Pnad Contínua, pesquisa do IBGE que captura também o mercado de trabalho informal, mostra que havia 14,8 milhões de desempregados no País no segundo trimestre de 2021.


"Eu reconheço que inflação está subindo, agora quando a economia estava recuperando ninguém reconhecia", disse Guedes em entrevista à Jovem Pan. "Sim, inflação está mais alta, mas estamos gerando 1,5 milhão de empregos a cada semestre. A economista está voltando, vamos combater isso (inflação) e ponto final", afirmou.


Precatórios


O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender a necessidade da aprovação da PEC dos precatórios como caminho para o País ter previsibilidade de gastos e exequibilidade orçamentária, dentro da responsabilidade fiscal. Segundo ele, a manutenção dos fundamentos da economia depende da continuidade das bases fiscais, com a reativação do Bolsa Família embaixo do teto de gastos.


"Precisamos aprovar a PEC dos precatórios para acabar com a imprevisibilidade de outros poderes, porque os poderes são independentes, cada um pode fazer o que quiser, pode aprovar os gastos que quiser, mas eu também tenho obrigação constitucional de seguir a responsabilidade fiscal. Então, quem der um comando de gastos tem de se submeter a uma execução adequada, tem de ser exequível o Orçamento da União", disse o ministro, ao falar do crescimento das despesas de precatórios, que são valores devidos a empresas, pessoas físicas e até mesmo entes federativos pela União após sentença definitiva na Justiça.


Além da PEC dos precatórios que tramita no Congresso, que propõe que a União possa pagar de imediato apenas os menores valores devidos e as grandes dívidas de precatórios sejam parceladas, o governo quer o aval do Judiciário para que esse parcelamento seja considerado constitucional.


Segundo Guedes, o Supremo entende isso porque já permitiu que Estados e municípios fizessem esse parcelamento no pagamento de precatórios. "Então, basta uma boa vontade para entender que o governo federal, da mesma forma que os Estados e municípios, quando ele for atingido por um meteoro, ele precisa de ajuda. Nós precisamos de disciplina nesses gastos. Então, teremos previsibilidade dos gastos e exequibilidade. Não se discute o mérito. Estão aí os R$ 90 bilhões (de dívidas de precatórios), serão pagos. Agora, hoje, eu consigo pagar R$ 50 bilhões, os outros R$ 40 bilhões eu vou pagar logo que puder. Sem violar a Constituição e os preceitos constitucionais."


O ministro lembrou que boa parte dos gastos de precatórios que estão sendo agora cobrados foram emitidos há quase duas décadas e, "de repente, caíram no ano eleitoral". "Boa parte desses gastos caem (para pagamento) e completamente sem previsão. Meteoros lançados em 2002 e caem no meio do nosso governo, não vou achar que é a politização do Judiciário. Mas tive de pedir ajuda ao Supremo", disse o ministro.


Guedes lembrou que o aumento do benefício do Bolsa Família, para R$ 300, depende da solução dos precatórios. "Só queremos um Bolsa Família moderado, mas nem isso será possível se não conseguirmos encontrar respaldo jurídico, legislativo. Um tem de nos autorizar, a PEC, e outro tem de dizer que compreende, que é constitucional."

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