quinta-feira, 23 de março de 2017

ESTREIA-“Imprevistos de Uma Noite em Paris”



 Luigi (Édouard Baer), personagem central de “Imprevistos de uma noite em Paris”, é diretor de um teatro e está prestes a estrear uma peça que não está pronta. Na verdade, está bem longe de poder ser mostrada para o público, e os problemas despencam em sua cabeça. Assim como Chris (Christophe Meynet), um ator vestido de macaco que fica no palco numa gaiola suspensa.

Quando o intérprete cai e se machuca, fica impedido de continuar no ensaio --o que obriga o protagonista do filme a, finalmente, arrumar um símio de verdade, conforme havia prometido ao diretor da montagem.

Mas com que dinheiro, se as contas estão todas atrasadas? E como lidar com o diretor japonês (Yoshi Oida), que nem queria estar na França, não fala francês e só se comunica por meio de sua assistente brava (Kaori Ito)? E o que fazer com os atores e técnicos que estão sem receber? Ele não pode delegar tudo à sua assistente, Nawel (Audrey Tautou).

Com a ajuda de uma estagiária, Faeza (Sabrina Ouazani) --estudante de Ciência Política, que arrumou um emprego no bar do teatro--, Luigi sai numa jornada pelas ruas de Paris em busca de resolver os problemas --entre eles, conseguir um macaco de verdade para atuar na peça.

A partir disso, “Imprevistos de uma noite em Paris” transforma-se numa comédia de erros e acertos, de busca noite adentro para resolução dos problemas, que acabam criando novos problemas para Luigi e sua estagiária. O ensaio parado, por sua vez, espera a volta do diretor do teatro com soluções e um macaco para a peça prosseguir.

Quando ele encontra o animal, sai pelas ruas de Paris, com o macaco de mãos dadas com ele e sua estagiária. É uma cena nonsense, que vai ao encontro de todo o tom de humor do filme, escrito e dirigido pelo próprio Baer --com a autoria do roteiro dividida com Benoît Graffin (“Uma doce mentira”).

Aos poucos, o filme se abre, torna-se sobre a trupe artística e seus dilemas profissionais, financeiros e pessoais. Aqui, Baer (uma figura bastante conhecida no cinema e televisão na França, mas pouco famosa fora de seu país) alinha-se a obras do gênero, como “A Morte do Bookmaker Chinês”, de John Cassavetes, e “Turnê”, de Mathieu Amalric.

Apesar de guardar para si o personagem central e as melhores tiradas do filme, Baer distribui aos colegas coadjuvantes bons momentos para que brilhem em cena --especialmente Audrey e Sabrina, como as personagens femininas de maior destaque aqui.

O ambiente lúdico e o tom da comédia, no entanto, não evitam que o filme e o personagem central tomem seu rumo melancólico e mais realista.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

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