terça-feira, 5 de março de 2013

Mostra Glauce Rocha estréia no Museu da Imagem e do Som


A Fundação de Cultura do governo de Mato Grosso do Sul realiza entre os dias 11 e 15 de março, no Museu da Imagem e do Som (MIS), a Mostra Glauce Rocha, que oferece exibições de filmes (sempre às 19 horas) e uma Exposição Audiovisual com detalhes da carreira da atriz campo-grandense. Tudo com entrada franca.

A mostra conta com apoio da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul e faz parte do projeto CineMIS. Celebra o Dia do Teatro (27 de março) homenageando uma das maiores atrizes brasileiras. Glauce Rocha, além de trabalhar no teatro, televisão e em dublagens, participou de aproximadamente 27 filmes, segundo seu mais dedicado biógrafo, José Octavio Guizzo.

Dona de um talento único para a arte de representar, Glauce participou de um dos mais importantes movimentos do cinema Brasileiro: o Cinema Novo. Tendo atuado em filmes representativos como Rio 40º, Cinco vezes Favela, Terra em Transe e Navalha na Carne, a artista representou diversas personagens deste país com uma abordagem mais realista, que pouco agradava os governos de repressão do Pós-Estado Novo e da Ditadura Militar. Rio 40º chegou a ter as exibições proibidas e Glauce foi quem liderou o movimento pela liberação do filme.

"Glauce Rocha foi musa nos anos 60. De personalidade forte e firmes ideais, teve uma produção bastante intensa: 64 participações em novelas e minisséries, 56 peças, 27 filmes e 7 dublagens. Sua morte precoce foi uma grande perda e a Mostra é uma alternativa para que as gerações mais novas conheçam mais dessa grande atriz", analisa Américo Calheiros, presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul.

Além dos filmes - Na Exposição Audiovisual Glauce Rocha estarão reunidas fotografias, objetos e livros da artista. "É uma boa oportunidade de conhecer a história dessa grande atriz que, por seu grande talento, arrebatou admiradores no mundo inteiro", esclarece Alexandre Sogabe, curador da Mostra.

Serviço: A Exposição Audiovisual Glauce Rocha fica aberta ao público das 7h30 às 17h30. As exibições de filmes acontecem de 11 a 15 de março (segunda a sexta), às 19 horas, com entrada franca. O Museu da Imagem e do Som fica no Memorial da Cultura, na Avenida Fernando Correa da Costa, 559, 3º andar. Outras informações pelo telefone 3316-9178. 

Confira a relação e a sinopse dos filmes:

Terra em Transe - 11 de março (segunda-feira)

Num país fictício chamado Eldorado, o jornalista e poeta Paulo (Jardel Filho) oscila entre diversas forças políticas em luta pelo poder. Porfírio Diaz (Paulo Autran) é um líder de direita, político paternalista da capital litorânea de Eldorado. Dom Felipe Vieira (José Lewgoy) é um político populista e Julio Fuentes (Paulo Gracindo) o dono de um império de comunicação. Em uma conversa com a militante Sara (Glauce Rocha), Paulo conclui que o povo de Eldorado precisa de um líder e que Vieira tem os pré-requisitos para a missão. Grande clássico do Cinema Novo, o filme faz duras críticas à ditadura.

Direção: Glauber Rocha. Elenco: Jardel Filho, José Lewgoy e Glauce Rocha. Drama, 106min, 1967.



Glauce Rocha: A estrela Anunciada – 12 de março (terça-feira)

O documentário apresentado por Francoise Forton narra a vida e obra de Glauce Rocha, desde a saída de Campo Grande, a consagração e a morte da atriz. Um filme emocionante que atesta a força e a coragem de uma mulher que enfrentou preconceitos para viver a profissão de atriz entre períodos de repressão. O documentário traz frases da própria atriz, fotos, trechos de filmes e novelas, além de depoimentos de familiares, amigos e grandes artistas, como Ney Latorraca, Antônio Abujamra e Aracy Balabanian.

Direção: Sônia Garcia, documentário, 51min, 1992



O Noivo da Girafa – 13 de março (quarta-feira)

O funcionário do zoológico Aparício Boamorte (Amácio Mazzaropi) é constantemente gozado pelos colegas e perseguido pelo chefe implicante. Tudo muda quando seu exame médico é trocado com o de um animal e é equivocadamente dado como moribundo. A confusão se arma quando o dono da pensão resolve tirar vantagem da situação de quase morte de Aparício e oferecer a mão da filha em casamento. Glauce Rocha vive "Inesita", par romântico do protagonista nesta divertida comédia.

Direção: Victor Lima. Elenco: Amácio Mazzaropi, Roberto Duval e Glauce Rocha. Comédia, 92min, 1957



Cinco Vezes Favela – 14 de março (quinta-feira)

Cinco Vezes Favela, de 1962, é considerado como uma das obras fundamentais para o advento do chamado Cinema Novo no Brasil. O filme apresenta cinco histórias separadas, cada uma delas com diferentes diretores: Marcos Farias, Miguel Borges, Cacá Diegues, Joaquim Pedro de Andrade e Leon Hirszman. Com produção de Leon Hirszman, Marcos Farias e Paulo Cezar Saraceni e, como produtora, o Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes. Trilha sonora composta por Carlos Lyra (segmentos "Escola de Samba Alegria de Viver" e "Couro de Gato"), Hélcio Milito (segmento "Pedreira de São Diego"), Mário Rocha (segmentos "Um Favelado" e "Zé da Cachorra") e Geraldo Vandré (segmento "Couro de Gato").

Primeiro episódio: "Um Favelado" - João é um morador da favela que é espancado por não tem como pagar o seu aluguel. Vagando em meio aos barracos ele acaba por pedir ajuda a um amigo. Esse o engana e o envolve num pequeno assalto. Com Flávio Migliaccio, Waldir Fiori, Isabela e Alex Viany. Direção de Marcos Farias.

Segundo episódio: "Zé da Cachorra" - Mostra a revolta de um líder da favela que se irrita com a passividade dos companheiros que se submetem às promessas e subornos de um milionário grileiro, interessado em construir um edifício no lugar, e que tenta impedir que novas pessoas venham morar no terreno. Com Waldir Onofre, João Angelo Labanca, Claudio Bueno Rocha e Peggy Aubry. Dirigido por Miguel Borges.

Terceiro episódio: "Escola de Samba, Alegria de Viver" - Jovem sambista assume a direção da Escola de Samba pouco meses antes do Carnaval, enfrentando problemas de dívidas, rixa com uma escola rival e discussões com a esposa, a cobiçada mulata Dalva. Com Abdias do Nascimento, Oduvaldo Viana Filho, Maria da Graça e Jorge Coutinho. Dirigido por Cacá Diegues.

Quarto episódio: "Couro de Gato" - Um grupo de meninos desce do morro para a cidade e rouba gatos com o objetivo de os venderem para fabricante de tamborins que utiliza o couro do animal. Perseguidos pelos donos dos felinos, os garotos acabam por perder os gatos, exceto um, que acaba por se afeiçoar pelo pequeno ladrão. Porém, como não tem nada para alimentar o bichano, ele acaba por vender o animal para o fabricante. Com Francisco de Assis, Milton Gonçalves, Cláudio Correia e Castro, Riva Nimitz e os garotos Paulinho, Sebastião, Damião e Aylton. Dirigido por Joaquim Pedro de Andrade. "Couro de Gato" foi realizado independentemente do longa e depois anexado como um dos segmentos. Antes de fazer parte do filme, o curta já havia ganhado vários prêmios e foi um dos primeiros sucessos internacionais do Cinema Novo.

Quinto episódio: “Pedreira de São Diogo” - Uma favela que se encontra em cima de uma pedreira corre o risco de desabamento em consequência de explosões de dinamites. Os operários, então, incitam os moradores a dar início a um movimento de resistência, para que não ocorra um desastre. Com Sadi Cabral, Francisco de Assis, Glauce Rocha, Joel Barcellos, Cecil Thiré e Jair Bernardo. Dirigido por Leon Hirszman.



Rio, 40 graus – 15 de março (sexta-feira)

O Rio de Janeiro na visão de cinco meninos de rua negros e pobres, que vendem amendoim em cinco pontos da cidade, contrastando-se com a riqueza de parte dos habitantes. A tensão diminui no escurecer, quando vão para o ensaio da escola de samba. O filme foi censurado pelos militares, que o consideraram uma grande mentira. Segundo o censor e chefe de polícia da época, "a média da temperatura do Rio nunca passou dos 39,6º C". Glauce Rocha liderou o movimento pela liberação do filme.

Direção: Nelson Pereira dos Santos. Elenco: Roberto Batalin, Glauce Rocha e Jece Valadão. Drama, 100min, 1955. 

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