Foto: Ricardo Stuckert
Ainda não está certo se ele se hospedará em um hotel ou em uma casa alugada
FOLHAPRESS
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), avalia se mudar a Brasília ainda neste mês. Uma das possibilidades é que isso ocorra logo após sua participação na COP 27, conferência da ONU sobre mudanças climáticas.
Lula viajará ao Egito, palco da COP, na próxima semana. Na volta, deverá desembarcar em Portugal para um encontro com António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, respectivamente, primeiro-ministro e presidente.
A ideia é que o petista estabeleça uma base na capital federal para articulações políticas e despachos com aliados. Ainda não está certo se ele se hospedará em um hotel ou em uma casa alugada.
O Orçamento da União reserva R$ 3,2 milhões em recursos para a atividade de apoio técnico e administrativo à transição.
O presidente eleito desembarca na capital federal na noite desta terça-feira (8) e deverá retornar a São Paulo na noite de quinta (10). Lula irá se reunir com os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, nesta quarta (9).
Segundo aliados, no mesmo dia o petista deverá bater o martelo sobre quais instrumentos econômicos utilizará para viabilizar a inclusão de prioridades do futuro governo no Orçamento de 2023.
Entre as propostas em debate está a ideia de se valer de uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) para assegurar recursos para o pagamento dos R$ 600 de auxílio emergencial, sem incluir o benefício no teto de gastos.
Em 2021, o STF definiu como obrigação do Estado assegurar uma renda básica aos brasileiros. O argumento dos defensores da estratégia é que, sendo uma exigência constitucional, o custo não deveria ser computado dentro do teto de gastos.
Além dessa proposta, a equipe de transição discute apresentar ao Congresso uma proposta de emenda à Constituição para a expansão do teto. Uma consulta será feita ao Tribunal de Contas da União com o objetivo de obter autorização para créditos extraordinários.
O petista conversou com aliados e falou ao telefone com autoridades internacionais nesta terça-feira em um hotel em São Paulo.
O economista Luiz Gonzaga Belluzzo almoçou com Lula, a convite do petista. À mesa, foi discutido o cenário econômico nacional e os desafios a serem enfrentados para garantir a retomada do crescimento e a geração de empregos.
Lula pediu que o economista estivesse à disposição como conselheiro sobre política econômica, mas Belluzzo descartou a hipótese de ocupar um cargo no governo. A Lula ele propôs a criação de conselhos temáticos, nos moldes dos instituídos no governo JK.
Entre os pontos discutidos, estava o potencial econômico de medidas de preservação do meio ambiente. Tido como desenvolvimentista, o economista, que é amigo do presidente eleito desde a década de 1970, afirmou que Lula deverá repetir a experiência de seus governos na condução da política econômica nesta nova gestão.
"Acho que ele vai, na verdade, reproduzir o que aconteceu no governo dele, em que você teve crescimento de 4%, isso no geral, e superávit primário todos os anos", afirmou à imprensa após o almoço.
Ao ser questionado sobre a participação de economistas como André Lara Resende e Persio Arida na equipe de transição de governo, Belluzzo disse que divergências são naturais ao debate econômico e que é bom e saudável ter divergências.
"Tem que discutir para convergir, para divergir. É isso que é importante. Acho que esse governo vai ter essa característica de ter uma trajetória estabelecida e aí, ao longo do tempo, você vai discutindo, como foi das outras vezes. Posso assegurar isso porque fui conselheiro dele na outra gestão", afirmou.
Também passaram pelo hotel o prefeito de Araraquara, Edinho Silva, o ex-ministro Gilberto Carvalho, e o ex-senador Jorge Viana. O bispo Romualdo Panceiro, que foi integrante da cúpula da Igreja Universal e declarou apoio ao petista na corrida presidencial, também se reuniu com Lula.
Pela manhã, o presidente eleito conversou ao telefone com autoridades internacionais como a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrel.
O petista também atendeu a ligações do presidente do Peru, Pedro Castillo, do presidente da Costa Rica, Rodrigo Chaves, e do primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte.
"Falamos sobre os desafios do Brasil e do mundo na questão climática e reafirmei o compromisso com um Brasil em busca da justiça social e do combate à pobreza", escreveu Lula no Twitter sobre os encontros.
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