© Thomson Reuters
(Reuters)
O dólar avançava nesta terça-feira e chegou a flertar com os 5,25 reais, ampliando disparada da véspera em meio a temores sobre a configuração da futura equipe econômica do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto as eleições norte-americanas de meio de mandato também atraíam as atenções de investidores.
Às 10:01 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,64%, a 5,2066 reais na venda. No pico do dia, a divisa dos Estados Unidos chegou a saltar 1,48%, a 5,2497 reais na venda, maior patamar intradiário em mais de uma semana.
Na B3, às 10:01 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,64%, a 5,2275 reais.
Na véspera, a moeda norte-americana à vista já havia disparado 2,39%, a 5,1733 reais na venda, maior valorização percentual diária desde 24 de outubro (+2,94%) e patamar de encerramento mais alto desde 28 de outubro (5,3023), em meio a preocupações sobre a falta de indicações claras sobre quem será o ministro da Fazenda de Lula.
Há semanas os mercados vêm se atendo a esperanças de que o petista poderia indicar um nome moderado para o cargo, como Henrique Meirelles, mas o ex-presidente do Banco Central já disse várias vezes que não recebeu convites para integrar o governo eleito. Ao mesmo tempo, crescem os temores de que o Ministério da Fazenda acabe sendo liderado por alguém mais à esquerda e que poderia ser inclinado a uma maior flexibilidade das regras fiscais do país, como o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.
!
"O 'waiver' (licença ou tolerância) dos investidores locais com o novo governo começa a perder força, devido à ausência de nomes críveis para os ministérios e propostas de elevado estouro do teto dos gastos", disse Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.
A equipe de transição do próximo governo pretende criar uma PEC para garantir uma excepcionalidade ao teto de gastos e adequar o Orçamento do ano que vem às promessas de campanha de Lula, como a manutenção dos 600 reais do Auxílio Brasil e o reajuste real do salário mínimo. Os valores embutidos na PEC ainda não foram definidos oficialmente, mas a expectativa é de que possam superar os 200 bilhões de reais.
"Todas estas imposições, em meio à arrecadação menor em 2023, dado o menor crescimento econômico e menor inflação, podem incrementar a percepção de que o governo não terá fontes de recursos além do financiamento via títulos públicos, pois tais desafios igualmente dificultam a criação de novos impostos", completou Vieira em nota a clientes, citando a possibilidade de que os mercados brasileiros passem a embutir um prêmio de risco maior.
O clima de cautela nos mercados brasileiros vem após um período pós-segundo turno amplamente positivo para os ativos locais. No acumulado da semana passada, período que sucedeu a vitória eleitoral de Lula, o dólar despencou 4,71%, maior queda semanal desde o período findo em 29 de julho (-5,91%).
Investidores atribuíram esse desempenho a expectativas de uma transição de poder relativamente tranquila e à percepção benigna que investidores estrangeiros têm de Lula, cuja agenda é muito mais alinhada à governança ambiental, social e corporativa (ESG, na sigla em inglês) do que a do atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
Enquanto isso, no exterior, o dólar tinha leve alta contra uma cesta de rivais fortes, conforme investidores monitoravam as eleições de meio de mandato dos EUA desta terça-feira.
"Espera-se que os republicanos ganhem o controle da Câmara dos Deputados e possivelmente do Senado, um resultado que pode limitar a quantidade de gastos orçamentários que o presidente democrata Joe Biden pode autorizar", disse a XP em nota. A instituição financeira ponderou que, embora os republicanos costumem ter uma postura mais pró-mercado, historicamente o melhor resultado para os ativos arriscados tem sido um Congresso dividido nos EUA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário