quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Bunge, Santander e TNC lançam linha para expansão de soja sem desmatamento no Cerrado

                                           Foto:Divulgação


Reuters
Por José Roberto Gomes

A Bunge, o banco Santander Brasil e a organização The Nature Conservancy (TNC) lançaram nesta quarta-feira uma linha de financiamento de 50 milhões de dólares para estimular a expansão de soja em áreas já degradadas no Cerrado do Brasil, o maior exportador global da oleaginosa.


A expectativa é de que os primeiros empréstimos do programa, considerado piloto, estejam disponíveis já em setembro, com taxas variando de 6 a 11 por cento ao ano, em dólar. O financiamento será de longo prazo, podendo chegar a até 10 anos.

"É um prazo compatível com a aquisição e transformação de áreas que vão precisar de investimentos para voltar a serem produtivas", afirmou o diretor de Agronegócios do Santander Brasil, Carlos Aguiar, durante apresentação do programa na sede da instituição, em São Paulo.

Ao estimular a agricultura em áreas degradadas, cuja vegetação foi desmatada no passado, o programa contribuiria para evitar novos desflorestamentos em uma região que é chave para a produção agrícola do Brasil.

Na véspera, a Reuters publicou que esse ecossistema perdeu mais de 105 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa desde 2008, enquanto no mesmo período a produção nacional de soja praticamente dobrou, chegando a um recorde de cerca de 120 milhões de toneladas neste ano.

Pelos cálculos da TNC, o Cerrado brasileiro tem hoje mais de 25 milhões de hectares de terras que foram desmatadas no passado e que são aptas à expansão da soja.

EXPECTATIVAS

Do total de recursos oferecidos, 65 por cento serão disponibilizados pelo Santander Brasil, 30 por cento pela Bunge e 5 por cento pela TNC. Caberá principalmente à gigante norte-americana, uma das maiores tradings de grãos com atuação no Brasil, a tarefa de selecionar produtores e acompanhar a alocação do dinheiro para o reparo de áreas degradadas.

"O objetivo do programa não é de custeio, é realmente promover a implantação, a expansão de uma agricultura sustentável... Os agricultores qualificáveis serão aqueles que já têm um histórico com a Bunge", destacou o diretor global de Sustentabilidade da companhia, Michel Santos.

Ele frisou que o financiamento é, por ora, um projeto piloto, sem prazo para ser aplicado em larga escala --neste primeiro momento, não mais que cinco produtores devem contemplados.

"A ideia nossa é poder testar esse conceito... Com esse teste, vamos ter certeza se (o programa) poderá ser expandido."

Bunge, Santander Brasil e TNC trabalham para que os 50 milhões de dólares estejam totalmente destinados até junho do próximo ano.

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