quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

ESTREIA–“Minha Mãe é uma Peça 2” limita-se a repetir a fórmula do primeiro filme



Três anos depois do grande sucesso de “Minha Mãe é uma Peça” (cerca de 4 milhões de ingressos), o ator e roteirista Paulo Gustavo retoma uma de suas personagens mais famosas: Dona Hermínia, moradora de Niterói e matriarca excessivamente zelosa, inspirada na própria mãe do protagonista. E tal qual o filme anterior, essa sequência sofre de um mal: a falta de um bom roteiro.

As peripécias de Paulo Gustavo/Dona Hermínia são engraçadas, e o ator, como já provou diversas vezes, é capaz de fazer rir sem precisar se esforçar muito. Mas é preciso mais do que isso. Com roteiro escrito por ele mesmo e Fil Braz (a mesma dupla do primeiro longa), “Minha Mãe é uma Peça 2” mais parece um amontoado de episódios curtos de uma sitcom. Não há uma trama propriamente dita, apenas uma sucessão de falsos começos e pequenas piadas (algumas funcionam, outras, não).

Retomando a personagem a partir do primeiro filme, Dona Hermínia agora é uma apresentadora de programa de televisão, no qual faz de tudo para colocar em pauta seus problemas com os filhos e familiares. Juliano (Rodrigo Pandolfo), que se assumiu gay, agora tem dúvidas sobre sua sexualidade e cogita ser bissexual. Marcelina (Mariana Xavier) está sem rumo na vida e não para de comer. Há também a irmã problemática (Alexandra Richter), o ex-marido galanteador (Herson Capri) e a tia com problemas de memória (Suely Franco).

Todos são personagens com potencial cômico que não deslancham. Um exemplo: Lucia Helena (Patrícya Travassos), irmã que mora nos EUA e volta para o Brasil para passar uma temporada. Desbocada e sexualmente livre, ela encanta os filhos de Hermínia e provoca a ira desta. E é isso. Depois de sua entrada, a personagem fica de um lado para o outro fazendo apenas isso. E onde estão as prometidas brigas e bate-bocas entre as duas?

Outro exemplo: a personagem de Malu Valle, uma mulher carente que fala pelos cotovelos e de quem a protagonista vive fugindo. A figura aparece em duas míseras cenas, desperdiçando seu potencial cômico e o da atriz.

Dirigida por César Rodrigues (que também estava no original), o filme repete situações do primeiro – como uma longa sequência numa balada (agora em São Paulo), na qual, tentando ajudar, Hermínia constrange a filha. A verdade é que a personagem merece muito mais – e tem potencial para isso, só falta criarem um roteiro com uma história para amarrar as situações.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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