sábado, 14 de fevereiro de 2009

Operação Valquíria

Divulgação
Cena do filme
Se há interesse numa história cujo final já é conhecido, resta imaginar o que teria acontecido ao mundo se a frustrada tentativa de assassinato de Adolf Hitler, em 20 de julho de 1944, tivesse dado certo.

Como se sabe, o atentado realizado por oficiais alemães falhou, mas, ainda assim, rende material atraente no filme Operação Valquíria, estrelado por Tom Cruise.

O diretor Bryan Singer (de Os Suspeitos e das duas primeiras edições de X-Men) consegue criar suspense em diversas sequências deste filme, que reconstitui a mais famosa das 15 estimadas tentativas de matar Hitler - por ter sido a que chegou mais perto do sucesso e que gerou o maior número de prisões (700) e execuções (200) como consequência de seu fracasso.

Não deixa de ser mais ou menos raro num filme de Hollywood ter como personagens alemães, no caso, oficiais de alta patente e alguns políticos, que discordavam dos rumos do nazismo. Em geral, o cinema norte-americano vem satanizando implacavelmente aquela nação por conta da 2ª Guerra há várias décadas.

Operação Valquíria vem lembrar que alguns alemães arriscaram a própria pele para mudar a direção daquela hedionda política de nacionalismo fanático e eliminação física de dissidentes e judeus.

O coronel e conde Claus von Stauffenberg (Tom Cruise) é um desses opositores. Herói de guerra (perdeu um olho, uma das mãos e dois dedos da outra em batalha), de origem aristocrática, há tempos renega os arbítrios do regime nazista.

Além do mais, em 1944, especialmente depois da invasão da Normandia pelos Aliados, em junho, não era necessário ser vidente para perceber que a Alemanha caminhava para uma derrota militar.

Vários militares sabem disso. É o caso não só de Von Stauffenberg, como dos generais Tresckow (Kenneth Branagh), Ollbricht (Bill Nighy) e Beck (Terence Stamp). Alguns já chegaram a advertir prudentemente a cúpula, mas não foram ouvidos.

Esse grupo de oficiais de carreira, que não pertencem à temida SS - administradora dos campos de extermínio -, idealiza, então, um sofisticado plano não só para matar Hitler com uma bomba, como para tomar o controle da máquina de Estado usando seu próprio Exército de Reserva. Esse corpo é formado pelas tropas de prontidão para defender Hitler e Berlim no caso de um ataque dos Aliados.

Pelo plano dos rebeldes, o Exército de Reserva será acionado depois da morte de Hitler, recebendo ordens de desarmar e prender todos os oficiais da SS e os principais lugares-tenentes do ditador, caso de Himmler e Goebbels. Um novo governo provisório seria formado com líderes de confiança, procurando-se um armistício com os Aliados.

O engenhoso plano, como se sabe, vai até o fim. E são particularmente eletrizantes momentos como uma primeira tentativa frustrada de atentado - em que o general Tresckow coloca uma bomba numa garrafa de Cointreau, embarcada no mesmo avião de Hitler e que falha.

Além disso, são pontos altos as cenas que mostram o frenético esforço de Von Stauffenberg de montar um detonador e a própria colocação de nova bomba no bunker hitlerista, de que o coronel mesmo se encarregou.

Se há algo que pesa em alguns momentos contra o filme é uma certa necessidade de expor demais seu ator-produtor Cruise, bem como de incluir alguns clichês sentimentais - caso do adeus do coronel à sua esposa e a mão que ela passa na barriga para enfatizar sua nova gravidez.

Reuters

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