terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Os Cubanos Orishas se apresenta no Brasil com um álbum mais europeu

DAYANNE MIKEVIS


O grupo Orishas é conhecido para muitos como expoente da nova geração da música cubana --o que de fato é-- e seu novo projeto "Cosita Buena" tem o desafio de agradar o público que espera um rap com levadas à la Buena Vista Social Club, mas que também reflita a vivência dos três integrantes do grupo na Europa.
A apresentação amanhã em São Paulo deve ser permeada pelas novas canções, mas também muito do que consagrou o grupo, com as músicas do álbum "A Lo Cubano", que completa dez anos de lançamento neste ano.

Os trabalhos posteriores, "Emigrante" (2002), "El Kilo" (2005) e "Antidiotico" (2007) --este último na verdade reedita grandes sucessos-- devem estar representados. O Orishas também passa por Rio e Belo Horizonte nesta turnê.

O integrante Yotuel disse em entrevista por telefone de Madri, na Espanha, onde mora atualmente, que não se preocupa com uma possível rejeição ao lado "europeu" do novo trabalho.

"Este é o álbum de Orishas que tem mais Europa, é o nosso trabalho mais europeu, mas o estilo, a música, ainda são o que fizeram Orishas conhecido. E Europa está mais nas letras, é a Europa cosmopolita", afirmou Yotuel Romero.

Nascido Yotuel Omar Romero Manzanares no bairro Vedado de Havana, o nome do MC, segundo o site de Orishas, vem do fato de que seus pais não chegavam a um acordo sobre o primeiro nome, logo chegaram à fórmula yo-tu-él (eu-tu-ele).

Foi em Cuba que Yotuel, Hiram Riverí, o Ruzzo, e Roldán González formaram o grupo Amenaza em uma cena de hip hop que era praticamente clandestina. Com o apoio de uma ONG francesa, o grupo saiu de Cuba nos anos 1990 e acabou gravando "A Lo Cubano", seu primeiro álbum e grande sucesso.

Além de cantar, Yotuel também é modelo e ator e afirma que não representa o grupo. "Não represento Orishas, venho da mesma tradição, mas minha visão é mais particular", afirmou.

Quanto às influências do grupo, além da música cubana como um todo e o rap dos anos 1990, Yotuel se mostrou identificado com Kanye West. "Estamos mais próximos de Kanye West e gosto de Marcelo D2. Não está bem o rap que prega a violência. Espero que com a crise as pessoas continuem a fazer boa música, mas sem ostentação", afirmou Yotuel.

Barack Obama

"Barack Obama é deus", afirmou o integrante do Orishas. Negro, Yotuel e os outros MCs se destacaram por abordar a questão racial em Cuba --um tabu-- por meio de suas letras. Para ele, Brasil e Cuba se assemelham nesta questão.

"Quando você pensa em Cuba, no que pensa? Em um mulato. No Brasil é mesma coisa, não é na Gisele Bündchen. E em Cuba discutir a posição dos negros na sociedade é um tabu, ainda é. O negro é sempre visto como um esportista, mas nunca em grandes postos", afirmou o rapper.


"É por isso que Estados Unidos nos deu essa lição em eleger Barack Obama, para mim ele é um deus porque conseguiu passar a barreira de racismo em um país no qual há algum tempo os negros não tinham direitos", afirmou Yotuel.

"Esse tabu do negro em grandes postos é algo que diziam [em Cuba] que aprendíamos dos americanos. Agora que o tabu caiu, vamos aprender com eles", provocou o rapper.

Abertura

Sobre se a troca do comando de Cuba de Fidel Castro para seu irmão, Raúl, pode favorecer uma abertura e até mesmo o fim do embargo ao regime cubano, Yotuel é otimista.

"Espero que Cuba se abra para o mundo e termina essa agonia que durante 50 anos tivemos, Raúl tem ideias novas e positivas, mas quero ver uma nova geração na política cubana", afirmou. Sobre um possível Barack Obama cubano, o rapper sorriu e disse: "Sim, sim, um negro, um Barack Obama cubano seria muito bom".

Já sobre uma possível volta a Cuba, o rapper é categórico. "Penso que com 60 ou 70 anos vou voltar e morrerei em Cuba".

São Paulo
Quando: amanhã, às 21h30
Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, Vila Olímpia, São Paulo tel. 0/xx/11/3188-4148)
Quanto: de R$ 120 a R$ 200

Fortaleza
Quando: quinta-feira (29), horário não informado
Onde: Mucuripe Club (travessa Maranguape, 108, tel. 0/xx/85/3254-3020)
Quanto: não informado

Rio
Quando: sexta-feira (30), último show do dia, apresentações começam à 0h
Onde: Oi Noites Cariocas (Av. Rodrigues Alves, 10, Rio de Janeiro tel. 0/xx/21/8871-0194 ou 8883-0327)
Quanto: de R$ 40 a R$ 80

Belo Horizonte
Quando: sábado (31), às 22h
Onde: Chevrolet Hall (av. Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi, Belo Horizonte, tel. 0/xx/31/2191-5700)
Quanto: de R$ 40 a R$ 100

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