terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Filmes inededitos pela net






\"O Curioso Caso de Benjamin Button\" - estrelando Brad Pitt - estreia
na próxima sexta nos cinemas brasileiros, mas, curiosamente, estava
passando na TV na semana passada, assim como \"Foi Apenas um Sonho\"
(este, com legendas em português), com Leonardo DiCaprio e Kate
Winslet, igualmente inédito no país.

Você talvez não conheça os canais que os exibiam o Drew Movies e o
Brasil Filmes, respectivamente, mas isso é porque eles não fazem parte
da grade de TV normal: são transmitidos apenas pela internet, e de
modo ilegal, já que desrespeitam os direitos autorais.

Ambos fazem parte do crescente fenômeno das TVs on-line, uma evolução
natural da ideia de sites como o YouTube: agora, em vez de
simplesmente postar clipes e trechos editados de vídeos, os
internautas criam seus próprios canais de TV, com programação integral
ao vivo transmitida 24 horas por dia pela web.

Estes canais pessoais criados pelos internautas ficam agregados em
sites como o popular Justin.tv e também são acessíveis por meio de
softwares que podem ser baixados gratuitamente, como o Megacubo.

A programação é variada (só o Justin.tv tem mais de 100 mil canais),
mas a maior parte dos \"broadcasters\" se divide em dois tipos: canais
que retransmitem (ilegalmente) o sinal de redes de TVs comuns,
incluindo os canais por assinatura e pay-per-view, e canais que exibem
filmes e seriados.

Todas as maiores redes da TV brasileira, por exemplo, estão
disponíveis on-line com transmissão simultânea: os piratas só precisam
de um computador razoavelmente equipado para pegar o sinal dos
aparelhos de televisão e colocá-lo na rede, tornando-o acessível a
qualquer um com conexão.

No Brasil, são particularmente populares os canais on-line que
retransmitem ao vivo jogos de futebol só acessíveis pelo sistema
pay-per-view. As empresas de radiodifusão, donas dos sinais, já
reconhecem o fenômemo e começam a se preparar para combatê-lo.

\"A Globosat vem acompanhando com preocupação esta prática. A
atividade constitui crime de violação de direitos autorais ou, em
outras palavras, pirataria\", disse a empresa de TV por assinatura,
por meio de sua assessoria de imprensa.

Apesar de frisar que a disseminação de seu sinal on-line pelos canais
piratas não causou \"abalo nas nossas vendas\", a Globosat diz estar
\"discutindo com as autoridades competentes as medidas cabíveis\".

Dupla violação

Segundo Ronaldo Lemos, diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da
Escola de Direito da FGV-RJ, as \"medidas cabíveis\" são pesadas. \"Do
ponto de vista da lei, a questão é claríssima: quem reproduz sinal de
empresa de TV está cometendo infração de direitos autorais. Quem fizer
isso com intuito de lucro direto ou indireto pode ser penalizado pelo
artigo 184 do Código Penal, que prevê de dois a quatro anos de
reclusão.\"

Lemos afirma que, na maioria dos casos, ocorre uma dupla violação de
direitos. \"Além de violar o direito da empresa de radiodifusão, são
violados também os direitos do titular dos conteúdos transmitidos.\"

O advogado pondera, no entanto, que a questão ainda está em uma \"zona
cinzenta\".

\"É preciso considerar se essas TVs on-line não estão aumentando a
audiência das redes, já que, no modelo de negócio da TV, quanto mais
gente assistindo, melhor para quem está transmitindo. Isso pode ser um
indício de uma mídia nova que pode ser ocupada pelo sinal de TV.\"



Fonte: Folha Online

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