sexta-feira, 15 de junho de 2018

Cobiçado por PT e PDT na eleição presidencial, PSB está dividido e prefere empurrar negociações

Reuters


Sem candidato presidencial desde que o ex-presidente do STF Joaquim Barbosa anunciou que não disputaria o pleito, o PSB se vê agora na posição de aliado dos sonhos da esquerda, disputado por PT, PDT e até pela Rede, mas, dividido internamente, promete empurrar as negociações por mais algumas semanas.

Mais insistente, o PDT tem hoje as maiores chances de conseguir atrair os socialistas, e tem feito pressão cerrada. O pré-candidato do partido à Presidência, Ciro Gomes, já disse publicamente que o PSB é seu aliado dos sonhos e que “acende uma vela todos os dias” para que o PSB aceite a aliança.

O PDT está disposto a entregar aos socialistas a vaga de candidato a vice-presidente, segundo o líder do PDT na Câmara, André Figueiredo (CE), e quase todas as cabeças de chapa nos Estados. “Nossas únicas exceções são Amapá e Tocantins”, disse à Reuters.

O PT, no entanto, não fica atrás. O partido tem posto pressão nos socialistas e promete não apenas a vaga para a candidatura a vice-presidente, mas também um atrativo especial para o PSB: retirar da disputa em Pernambuco Marília Arraes, neta de Miguel Arraes e principal concorrente do governador Paulo Câmara (PSB), mesmo que a própria insista que não planeja desistir.

Em um evento em São Paulo, a candidata pela Rede, Marina Silva, colocou o PSB —partido pelo qual concorreu à Presidência em 2014— entre legendas que estaria negociando uma aliança, o que foi prontamente negado por Carlos Siqueira, presidente do PSB.

De acordo com uma fonte do partido, as opções ainda estão na mesa: apoiar uma outra candidatura desde o primeiro turno, seja Ciro, seja o PT, ou ficar neutro, como defende uma parcela dos socialistas, para liberar as alianças estaduais.

O PSB, diz essa fonte, está em uma situação confortável, “cortejado” por vários partidos e em boa situação para eleger uma bancada razoável na Câmara —a meta é chegar a pelo menos 40 deputados, em comparação aos atuais 26.

COMPLICADORES

A depender das preferências de quem fala pelo partido, a tendência mais forte pode ser uma ou outra.

A aliança com o PT, no entanto, parece ser a mais complicada —não pela falta de vontade dos socialistas, mas pela situação petista, que insiste em levar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva até o fim.

“Pesa o fato de o PT ainda não ter um nome definido. Quem vai ser o candidato? Lula? Haddad?”, argumentou a fonte socialista.

De acordo com uma fonte petista ouvida pela Reuters, as conversas caminhariam melhor se o partido tivesse optado já pela candidatura do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. A insistência de manter Lula como candidato até o limite que a legislação permitir incomoda a direção do partido.

O ex-presidente —que está preso cumprindo condenação por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP)— deve ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa e possivelmente terá sua candidatura impugnada, mas apenas na metade de agosto, o que faria com que o PSB, optando pelo PT, fizesse uma aliança no escuro, sem saber quem na realidade será o candidato a presidente.

Um outra fonte socialista, que vai disputar uma vaga ao Senado, comenta que o PSB virou um “pequeno PT”, cheio de dissidências, e há dificuldades de tomar uma decisão que vá agradar a todos.

Envolvida diretamente nas disputas regionais, essa fonte defende que uma aliança com o PT é praticamente inviável e argumenta que a situação seria mais simples se o partido evitasse alianças no primeiro turno.

“No segundo turno as situações estão resolvidas, o cenário está mais claro”, disse, defendendo ainda que o PSB leve a decisão para o limite do prazo eleitoral, o que não deve acontecer.

A primeira fonte, que é próxima da direção da legenda, disse que “a intenção da direção partidária é resolver a questão até o fim deste mês, e para isso haverá uma reunião da Executiva Nacional”.

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