segunda-feira, 25 de junho de 2018

Deputados criam comissão para tentar mais investimentos para UEMS


Por Izabela Jornada e Bruna Aquino


Os entraves que evolvem a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) continuam e a cada projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que são enviados, anualmente, para a Assembleia Legislativa, a esperança dos alunos e responsáveis pela instituição reascendem. Neste ano, para atender as reivindicações e promover debates, deputados criaram comissão específica com objetivo de fazer a interlocução do Executivo estadual.

Audiência pública que ocorreu na manhã desta segunda-feira (25), na Casa de Leis, reuniu professores, estudantes, pais de alunos e o pró-reitor de ensino , João Mianutti, para debater a situação e possíveis soluções aos problemas enfrentados por quem cursa Medicina na instituição.

Falta de docentes efetivos e infraestrutura precária foram citados como os principais problemas a serem solucionados por meio de uma comissão multidisciplinar que cobrará providências urgentes do Governo do Estado.

De acordo com  Mianutti , o deficit de professores é de 150 a 200 profissionais. “Planejamos a universidade em cima do valor de R$ 252 milhões e precisamos disso pra funcionar”, complementou.

“Vamos reunir tudo o que foi apresentado em um documento e, juntamente com essa comissão que estamos formando, cobraremos providências urgentes. Ou a Medicina da UEMS toma o trilho da excelência ou temos que dizer para vocês o que está acontecendo. O Estado dá muitas desculpas, mas não resolve a situação”, afirmou o presidente da Comissão de Saúde da Casa de Leis, Dr. Paulo Siufi (MDB), que propôs a audiência atendendo à solicitação de acadêmicos.

Segundo Siufi, o grupo de trabalho será formado por estudantes, professores, representantes da UEMS e demais deputados estaduais que quiserem fazer parte da mobilização. O objetivo é buscar, em parceria com o Governo do Estado, a garantia de investimentos para a universidade e o repasse efetivo.

O deputado se comprometeu a empenhar recursos, via emenda parlamentar, para auxiliar a Medicina da UEMS. “Este é um momento oportuno, considerando que já está em andamento nesta Casa de Leis a análise da LDO”, lembrou.

O deputado ressaltou que o curso de Medicina amarga o sucateamento, com oferecimento “de um dos piores salários do país para os professores”, redução de recursos orçamentários e infraestrutura insuficiente, o que foi demonstrado pela acadêmica Liviane Michelassi da Silva que estava presente na audiência.

Ela apresentou a cronologia da crise enfrentada pelos acadêmicos, marcada por paralisações dos estudantes e dos professores, além de incertezas quanto ao reconhecimento do curso pelo Ministério da Educação (MEC).

“Quando começamos, até as lâminas e outros materiais eram emprestados e havia pouquíssimos professores efetivos. Recorremos até ao governador (Reinaldo Azambuja) que nos prometeu resolver a situação. Obtivemos algumas conquistas, como a abertura de concursos e o convênio com a Unigran para a utilização dos laboratórios deles durante as aulas”, contou.

Contudo, segundo Liviane, muitos insumos básicos não chegaram e o curso também não dispõe de biblioteca adequada para atender os 192 acadêmicos de Medicina. Pelo menos 145 obras básicas são necessárias, conforme exigência do MEC, que somente autorizou o curso – ainda não o reconheceu.
Outra preocupação citada pela estudante foi com relação ao período de contratação dos docentes.

Anteriormente, as contratações eram prorrogadas imediatamente ao final dos contratos, mas agora deverá haver seis meses de intervalo para nova contratação do mesmo professor. “Na prática, isso pode nos prejudicar muito porque não podemos ficar sem mais professores”, disse.

MAIS INVESTIMENTOS
Para a vice-coordenadora do curso de Medicina da UEMS, Renata Vidal, parcerias com as secretarias municipal e estadual de Saúde têm contribuído para amenizar a situação, mas ainda é preciso garantir os investimentos necessários em infraestrutura.

Emocionada, a professora Erika Caneta Ferri fez um apelo. “É importante que se faça o debate a respeito da universidade que queremos. Os esforços precisam ser traduzidos em ações concretas. Temos que ser mais eficazes”, afirmou.

Dos R$ 252 milhões considerados prioritários - pelos professores e direção da UEMS - para garantir a saúde financeira da universidade ao longo deste ano, foram aprovados somente R$ 201 milhões, mediante Orçamento Estadual para 2018. “São pelo menos R$ 50 milhões a menos que impedem investimentos tão necessários”, disse o professor Esmael de Almeida, presidente da Associação de Docentes da Universidade Estadual (ADUEMS).

Segundo o pró-reitor, João Mianutti, a instituição “tem buscado incessantemente” soluções para as dificuldades e deverá empossar dez novos professores do curso de Medicina até dia 6 de julho. “Estamos agilizando a contratação e nos negamos à inércia. Não vamos abandonar essa luta, mas o fato é que até a interiorização do ensino superior deve ser rediscutida”, disse.

Para ele, a burocracia dos pregões, para aquisição de materiais, e a falta de atrativos aos médicos dificultam a situação do curso. “Tivemos dois colegas médicos, efetivos, que declinaram das vagas porque, infelizmente, não há atrativo para o médico ser professor na instituição. Isso também deve ser analisado”, afirmou.

LICITAÇÕES

O deputado Paulo Siufi também cobrou, durante a audiência, que pregões e licitações foram realizados porém materiais foram comprados e não chegaram até a universidade. “Vou ao Ministério Público ver porque esses pregões não foram pra frente, vou investigar aquelas licitações que foram pra frente, que houve o pregão e material não chegou. Isso deve ser esclarecido”, ameaçou o parlamentar.

EMENDAS


Deputados já anunciaram que vão apresentar emendas para pedir os valores solicitados pela UEMS, mas que a decisão depende mesmo do governador. "Espero que daqui pra frente essa comissão possa levar pra frente os pedidos até a caneta do governador, ele que determina, ele pode mandar portaria o que ele queiser revisão, agora é a boa vontade dele para que curso de medicina nao fique do jeito que tá porque não tem condições de ficar assim", finalizou Siufi.

*Matéria editada às 16h42 para correção de informações

Nenhum comentário: