sexta-feira, 25 de novembro de 2016

ESTREIA–Tom Cruise encarna novamente Jack Reacher em filme morno e previsível


Tom Cruise já teve dias melhores quando era um vampiro (“Entrevista com o vampiro”, de 1994) e morava em Nova Orleans, reduto de bambas do jazz como Louis Armstrong e Sidney Bechet, e podia gozar dos benefícios da imortalidade.

Hoje, como um ex-militar carrancudo que arrisca a vida em cada esquina, tem que se esforçar para tirar proveito de um roteiro previsível e fazê-lo parecer verossímil, como no filme “Jack Reacher – sem retorno”, baseado no best-seller do britânico Lee Child.

Child é um escritor de sucesso em livrarias de aeroporto, com oito livros já publicados no Brasil com o mesmo personagem, o ex-major Jack Reacher, que se mete em confusões de alto risco, num misto de thriller policial e espionagem.

“Jack Reacher – sem retorno” é o segundo filme baseado em suas histórias, com Cruise como protagonista. O risco de as franquias cinematográficas se tornarem monótonas e repetitivas não poupou o novo filme, dirigido por Edward Zwick. Se em “Jack Reacher – o último tiro” (2012) temos um roteiro mais bem cuidado, com um clima de suspense que prende a atenção do espectador, agora resta um protagonista com aparência cansada que parece não ver a hora de voltar para casa.

Na história atual, Reacher acaba se envolvendo na trama armada contra a major Turner (Cobie Smulders), acusada falsamente de ser responsável pela morte de dois soldados no Afeganistão. Reacher, que colaborou com a polícia do exército em um caso de tráfico de imigrantes, só fala com a militar por telefone. No dia em que marcam um encontro, descobre que ela acabou de ser presa.

Mesmo sem conhecê-la, acredita em sua inocência e se envolverá numa investigação particular, com todos os riscos imagináveis. Nesse meio-tempo, descobre que uma mulher entrou com um processo para que reconheça uma filha, fruto de um relacionamento que tiveram. Hoje com 15 anos, Samantha (Danika Yarosh) é uma adolescente rebelde, que se vira praticando pequenos delitos.

O espectador não precisa possuir nenhum dom premonitório para perceber que ela será uma peça importante durante todo o desenrolar da trama, com matadores paramilitares e oficiais de alta patente envolvidos no estranho caso dos dois soldados mortos no Afeganistão, cuja responsabilidade foi jogada nas costas da bela major Turner.

Ao contrário dos filmes de ação, que pedem tramas rápidas, reviravoltas e perseguições com altas doses de adrenalina, aqui o tempo corre lento, dando tempo para que Cruise possa exercitar sua faceta narcisística, que não é recente, tirando a camisa em um quarto de hotel depois de uma sessão de pancadaria. Ao lado, sentada na cama, Cobie também tira sua camisa. Como os dois têm a mesma patente militar, parece ser apenas uma cena corriqueira de caserna.

(Por Luiz Vita, do Cineweb)

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