A dica da semana é o longa brasileiro “Medida Provisória”, dirigido por Lázaro Ramos
KREITLON PEREIRA/VIA STREAMING
Dica da Semana: “Medida Provisória”
Em sua estreia como diretor, Lázaro Ramos leva narrativa sobre utopia racial dos teatros para as telas do cinema
Desde a abolição da escravidão no Brasil, em 1888, tentou-se construir uma ideia ilusória de que, em um país tão miscigenado, não existia racismo. Livros como “Casa Grande e Senzala” – publicado em 1933 por Gilberto Freyre, defendiam a existência de uma idílica democracia racial, onde o preconceito e as desigualdades raciais são completamente negados. Apesar desse conceito já ser encarado como falso e a luta do movimento negro ter conseguido duras conquistas, ainda persistem os casos de racismo e injúrias raciais na sociedade brasileira, com frequência bem maior do que se esperaria no Século XXI.
Sendo assim, é claro que tal tópico é de extrema relevância para o Brasil e o mundo. E, não é à toa que o tema renda diversas produções artísticas e intelectuais, por exemplo. Abordando esse tema, o primeiro longa dirigido por Lázaro Ramos em sua carreira se chama “Medida Provisória” e retrata uma realidade distópica, porém perigosamente crível, onde o Congresso Nacional brasileiro aprova uma medida provisória que obriga toda a população preta do país – chamados como “aqueles de melanina acentuada” – a retornar para os seus países de origem ancestral, na África. A história é uma adaptação da peça teatral “Namíbia, Não!”, escrita por Adri Anunciação, a qual Lázaro também já havia dirigido anteriormente.
É nessa realidade que vivem o advogado Antônio (Alfred Enoch, ator britânico de descendência brasileira que ficou famoso com o seu papel em “How to Get Away With Murder”), sua companheira e médica Capitu (Taís Araújo) e seu irmão jornalista André (Seu Jorge). Juntamente com outras pessoas, os três irão lutar para permanecerem unidos e resistirem a essa verdadeira perseguição racial disfarçada de política pública. O filme foi exibido com muito sucesso nos cinemas e já está disponível no GloboPlay.
Adaptação do clássico
Adaptação de “Persuasão”, o último livro de Jane Austen, chega à Netflix dia 15 de julho
Autora de clássicos como “Orgulho e Preconceito”, “Razão e Sensibilidade” e “Emma”, Jane Austen é um dos nomes mais conhecidos da literatura inglesa do Século XIX. Famosas pelo tom irônico, suas obras são repletas de críticas à sociedade da época, principalmente em relação a forma como as mulheres eram tratadas, uma vez que todas as suas personagens principais são femininas. Várias de suas histórias já foram transformadas em filmes e séries e, dessa vez, é a Netflix que está à frente da mais nova adaptação de “Persuasão”, último trabalho completo da autora. Com Dakota Johnson como protagonista, o filme estreia dia 15.
Ambientada na Inglaterra durante o período das guerras napoleônicas, o filme conta uma história de amor frustrado que atormenta a vida de sua protagonista Anne Elliot, mesmo muito tempo já tendo se passado. A realidade é que, oito anos antes, a família da jovem aristocrata a convenceu de desistir do casamento com Frederick Wenthworth, um jovem marinheiro de origem humilde pelo qual se apaixonou. Porém, quando seu antigo amor retorna como um oficial influente, premiado e ainda em busca de uma esposa, o caminho dos dois irá se cruzar novamente, reabrindo cicatrizes do passado.
Ao mesmo tempo em que Frederick retorna mais rico, a família Elliot está passando por maus momentos financeiros, o que acaba proporcionando uma inversão de papéis na situação de oito anos antes. “Persuasão” possui uma das protagonistas mais reservadas do universo literário de Austen, ao mesmo tempo em que possui uma mente aberta e bastante perceptiva. E, por isso, a responsabilidade de Johnson em interpretar Anne, sendo a sua atuação um dos pilares principais do filme. Além disso, na nova adaptação da Netflix, decidiu-se adotar um caminho mais cômico, repleto de monólogos da protagonista diretamente com a câmera – a famosa “quebra da quarta parede”.
Pais e filhos
Filme da Amazon sobre uma viagem de férias entre pai e filha fala sobre a fugacidade da vida e a importância de se estar verdadeiramente no momento presente
Com a primeira exibição internacional realizada no Festival de Cinema de Tribeca, o novo longa original da Amazon Prime Video estreia no dia 15 de julho com o título de “Don’t Make Go”. O filme é mais um do clássico gênero “road trip”, que tem como pano de fundo para a história uma viagem de carro entre os personagens. Alguns dos filmes mais icônicos são “Pequena Miss Sunshine” e “Easy Rider”, mas a lista de produções desse tipo é extensa e a sua procura por parte do público também. A produção da Amazon foi criada por Hannah Mark e tem como protagonista o ator John Cho, conhecido por seus papéis em “American Pie”, “Harold & Kumar” e “Star Trek”.
A história começa com Max (Cho), um pai solteiro de uma adolescente, descobrindo que possui uma doença terminal e que lhe resta pouco tempo de vida. Porém, em vez de contar sobre a sua situação para a filha, decide embarcar com ela em uma viagem de carro da Califórnia até Nova Orleans, onde está sendo organizada uma reunião entre os seus antigos colegas de faculdade. Para convencê-la a passar as férias do lado do pai em vez de sair com os amigos e namorado, garante que irá ensiná-la a dirigir, uma promessa antiga e um desejo da menina.
Ao longo da viagem, a filha vai conhecer mais da história de seu pai, revelando um homem com um passado cheio de camadas e complexidades – escondidas por trás da imagem pacata que o pai construiu – da qual nunca havia tido contado. Além de esconder a sua situação de saúde, o protagonista também tem como missão secreta reunir a filha com a sua mãe, que a abandonou quando a menina era pequena. Com um fundo dramático, “Don’t Make Me Go” é um filme sobre relacionamentos em todos os seus aspectos.
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