“Nossos resultados sugerem que é necessário ter cuidado ao regular o glifosato, apenas porque os herbicidas substitutos podem causar mais danos”. A conclusão é do estudo publicado pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos pelos pesquisadores Ziwei Ye, Felicia Wu e David A. Hennessy.
Os autores decidiram investigar as alternativas ao herbicida mais usado no mundo desde que a IARC (Agência Internacional de Pesquisa em Câncer) da Organização Mundial da Saúde classificou o glifosato como um “provável carcinógeno humano do Grupo 2A”, no ano de 2015. O anúncio provocou vários reações pelo mundo de restrições ao uso do glifosato.
“Uma questão que não foi abordada de forma suficiente é como as alternativas de controle de plantas daninhas ao glifosato se comparam em termos de efeitos sobre a saúde, o meio ambiente e o mercado. Nosso estudo analisa esses efeitos ao decretar taxas hipotéticas de glifosato em níveis variáveis no milho de campo dos EUA”, explicam os cientistas.
No artigo “Preocupações ambientais e econômicas em torno das restrições ao uso de glifosato no milho”, os pesquisadores constaram que os substitutos do herbicida podem trazer ainda mais danos do que o glifosato. De acordo com eles, a decisão envolve dois tipos de compensações: impactos na saúde humana e ambientais (HH-E) versus impactos econômicos de mercado, e o uso de glifosato versus herbicidas alternativos, onde as alternativas potencialmente têm efeitos adversos de HH-E mais sérios.
“Apesar de reduzir a carga toxicológica líquida sobre a saúde humana e o meio ambiente com a substituição de herbicidas, qualquer nível de taxação sobre o glifosato resultaria em uma perda líquida de bem-estar social, principalmente impulsionada pelo aumento do custo de produção de milho. Nossos resultados sugerem que é necessário ter cuidado ao regular o glifosato, apenas porque os herbicidas de substituição podem causar mais danos”, argumentam.
“Se fosse cobrado um imposto sobre o glifosato de 10%, a estimativa mais conservadora de ganho líquido de bem-estar HH-E seria de US$ 6 milhões por ano. Mas também haveria uma perda econômica de mercado líquida de US$ 98 milhões por ano nos Estados Unidos, que se traduz em uma perda líquida no bem-estar social”, concluem os pesquisadores.
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