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quinta-feira, 8 de março de 2018
Sergio Moro condena Bendine a 11 anos de prisão
FolhaPress Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil, foi condenado nesta quarta-feira (7) a 11 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele foi acusado de cobrar propina de R$ 3 milhões da Odebrecht para proteger a empreiteira em contratos da Petrobras. Bendine assumiu a estatal em fevereiro de 2015, em meio à Lava Jato.
"O último comportamento que dele se esperava era de corromper-se, colocando em risco mais uma vez a reputação da empresa", escreveu na sentença o juiz Sergio Moro.
Moro determinou o regime fechado para o início de cumprimento de pena. Bendine está preso preventivamente desde o final de julho de 2017, quando foi deflagrada a 42ª fase da Lava Jato. A progressão de regime para o crime de corrupção ficará condicionada à devolução dos valores.
Bendine foi absolvido dos crimes de pertencer a organização criminosa e de embaraço à investigação.
A acusação teve como ponto de partida as delações de Marcelo Odebrecht e do ex-diretor da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis. Segundo eles, Bendine se colocou como interlocutor da Presidência e disse que iria resolver os problemas financeiros de empresas envolvidas na Lava Jato.
Os pagamentos da propina, de acordo com o Ministério Público, foram feitos em três parcelas de R$ 1 milhão, em espécie, em junho e julho de 2015. Em seu depoimento, em novembro de 2017, Marcelo Odebrecht confirmou ter feito os três pagamentos para que Bendine facilitasse assuntos da construtora na Petrobras.
O publicitário André Gustavo Vieira da Silva, outro réu no processo, disse a Moro, também em novembro, que recebeu propina da Odebrecht e que repassou R$ 950 mil em espécie a Bendine.
Dos R$ 3 milhões recebidos, afirmou que pagou um terço a Bendine, guardou R$ 1 milhão e pagou outro R$ 1 milhão ao empresário Joesley Batista, da JBS, com quem tinha uma dívida.
OUTRO LADO
O ex-presidente da Petrobras nega todas as acusações. Em depoimento, ele disse sofrer uma perseguição brutal, que destruiu sua integridade moral e sua família.
O advogado de Bendine, Alberto Toron, elogiou Moro por ter absolvido o réu de parte das acusações. "Sai do delírio punitivo do Ministério Público e coloca as coisas no terreno da razoabilidade", afirmou.
A defesa informou que irá recorrer, pleiteando a absolvição dos crimes pelos quais Bendine foi condenado. A ausência de identificação de um ato de ofício (medida concreta que caracterize corrupção) fará parte do recurso.
Toron disse considerar que o ato de ofício precisa estar no horizonte, mesmo que não se concretize.
A reportagem não conseguiu contato com as defesas de André Vieira da Silva, Marcelo Odebrecht, Fernando Reis e Álvaro Novis.
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