sábado, 27 de janeiro de 2018

Cardiologista investigado pela PF já colocou tornozeleira eletrônica na Agepen


Empresário tem até domingo para cumprir determinação judicial
Por RAFAEL RIBEIRO/Portal Correio do Estado

O médico Mercule Pedro Paulista Cavalcante colocou, na tarde desta sexta-feira (26), a tornozeleira na Unidade Mista de Monitoramento Virtual da Agência Estadual de Administração Penitenciária (Agepen), na região central da Capital.

De acordo com o que a Polícia Federal descobriu após os trabalhos da Operação Again, o cardiologista é apontado como o principal responsável por fraudes em licitações e superfaturamento na compra de materiais nos hospitais Universitário e Regional, que ficam em Campo Grande.

A medida protetiva foi decidida pela Justiça Federal como forma de evitar a fuga de Cavalcante. O outro investigado, o empresário Pablo Augusto de Souza, ainda não compareceu à unidade para instalação da tornozeleira. Ele tem até domingo (28) para o ato.

O esquema, que foi investigado pela Polícia Federal e Controladoria Geral de União (CGU), ainda sofria fiscalização falha nas instituições de saúde, conforme apontou a investigação da “Operação Again."

“Os dois hospitais fiscalizados mantinham um controle muito precário, no papel e em planilhas. Era frágil mesmo. Durante a fiscalização física das equipes foi solicitado a relação dos produtos que deveriam estar em estoques e conferidos. Vários tinham sumidos e não sabiam se quer para onde tinham ido. Tinha produtos que já tinham sido utilizados sem qualquer tipo de descarte, produtos vencidos mantidos em estoque e deveriam ter sido descartados. Era um controle precário que possibilitavam os desvios”, detalhou o superintendente da CGU, José Paulo Barbieri.

VANTAGENS INDEVIDAS

Na apuração dos órgãos fiscalizadores, foi identificado que viagens para o exterior e carros de luxo eram usados como propina para que nenhuma ação do esquema fosse descoberta. Ao todo, oito pessoas estão envolvidas no caso. Entre elas estão empresários e servidores dos hospitais.

'Cabeças' do esquema, o cardiologista Marcule e o empresário Pablo, sócio da Amplimed, manipulavam cláusulas na licitação dos hospitais para que a empresa vencesse de forma mais garantida o certame. Após isso, a empresa superfaturava o valor dos produtos cardíacos.

Em R$ 6 milhões de compras analisados pela investigação, foi constatado um prejuízo de aproximadamente R$ 3 milhões aos cofres públicos. Contribuindo para esse prejuízo, próteses e kits cardíacos eram comprados para os hospitais e desviados para serem usados de fato em clínicas particulares. Também eram utilizados materiais vencidos ou esterelizados para serem reutilizados nos pacientes.

Cavalcante e Figueiredo vão colocar tornozeleiras eletrônicas e o médico está proibido de entrar nos dois hospitais envolvidos no esquema. Eles vão responder por responder por corrupção passiva, corrupção ativa, peculato e fraude em licitação. A próxima fase da operação deve ouvir testemunhas, periciar as provas e analisar os materiais apreendidos.

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