AFP
Bloco, porém, não reconhece opositor como presidente eleito da Venezuela; ele corre risco de prisão após descumprir intimações
Os ministros das Relações Exteriores dos países que compõem a União Europeia concordaram em não reconhecer a "legitimidade democrática" da reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela em meio à falta de evidências sobre a suposta vitória do líder chavista.
O anúncio foi feito nesta quinta-feira (29) pelo chefe de política externa do bloco, Josep Borrell, após uma reunião em Bruxelas que contou com a presença do candidato da oposição, Edmundo González, por chamada de vídeo.
O adversário de Maduro nas urnas não é visto em público desde 30 de julho. Ainda nesta quinta, o procurador-geral venezuelano, Tarek Williams Saab, emitiu uma terceira intimação contra ele —se, como nas vezes anteriores, González não comparecer ao depoimento marcado para esta sexta (30), ele corre o risco de ser preso.
Borrell declarou que a decisão das 27 nações do grupo sucede a recusa do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano em fornecer evidências da vitória de Maduro nas eleições presidenciais, ocorridas no final do mês passado.
Caracas afirma que o líder chavista venceu o pleito, tendo obtido 52% dos votos contra 43% de González. Já a coalização opositora —cuja líder, María Corina Machado, foi impedida pelo regime de disputar a corrida— diz que seu candidato venceu com 67% dos votos contra 30%.
Mas diferentemente do regime, que negou todos os pedidos internacionais para mostrar evidências do triunfo de Maduro, a oposição disponibilizou na internet um número suficiente de documentos capazes de comprovar sua vitória.
Uma série de órgãos internacionais independentes afirmou que os papéis ali divulgados eram verdadeiros, e alguns países chegaram a reconhecer González como legítimo presidente eleito em razão deles, incluindo os Estados Unidos.
"Um mês depois, não há esperança de que Maduro apresente" esses documentos, disse Borrell nesta quinta. "É tarde demais para continuar pedindo isso."
"Consideramos que a vitória eleitoral que ele proclama não foi provada. E como não foi provada, não temos por que acreditar nela. E se eu não acredito que ele ganhou as eleições, não posso reconhecer a legitimidade democrática proporcionada pelas eleições", acrescentou o chefe da diplomacia do bloco.
Por outro lado, os países que integram a UE não concordaram em reconhecer González como presidente eleito da Venezuela.
Por isso e porque o bloco não optou por impor novas sanções ao país, Borrell reconheceu que a decisão desta quinta não tem consequências práticas imediatas.
Mas, acrescentou, a medida foi uma "declaração forte" do grupo. "Temos 55 figuras políticas da Venezuela já sob sanções. Entre elas a vice-presidente [Delcy Rodríguez] e aquele que hoje é o ministro do Interior [Diosdado Cabello]. Ou seja, já praticamente chegamos à cúpula mais alta", afirmou ele
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