Os profissionais do cinema francês entregam nesta sexta-feira os César para melhores filmes, atores, técnicos e roteiristas do ano, e dois grandes favoritos despontam, com onze candidaturas cada: o melodrama Piaf - Um Hino ao Amor, de Olivier Dahan; e a intimista Un secret, de Claude Miller.
Por outro lado, a 33ª cerimônia dos prêmios César poderia voltar a ser a plataforma para reivindicações político-culturais.
Este ano serão os temores dos cinemas independentes de perder 20% de suas subvenções estatais que vão centrar os protestos que no ano passado giraram em torno do estatuto dos funcionários temporários do espetáculo.
Para apoiar os protestos dos cinemas independentes, 200 salas de todo o país interromperão suas projeções às 21h (hora local), horário marcado para o início da cerimônia de entrega dos prêmios.
Produtores, atores, assim como responsáveis de festivais, de cineclube e de associações de educação artística apoiam a demanda e espera-se que façam manifestações neste sentido durante a cerimônia.
Apesar de tudo, ou talvez justamente por isso, o presidente da festa, o ator Jean Rochefort, que atuou, entre outros filmes, em O Fantasma da Liberdade (1974), de Luis Buñuel, prometeu brindar a cerimônia com bom humor e diversão.
Antes de tudo, Rochefort encurtará os discursos de agradecimento. Os prêmios são concedidos por 3.500 profissionais do setor.
Este ano, o César de melhor filme tem três grandes favoritos com várias indicações: O Escafandro e a Borboleta, de Julian Schnabel, Persépolis, de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud, e La graine et le mulet, de Abdellatif Kechiche, que obteve o Prêmio Especial do Júri na Mostra de Veneza.
Dahan, Miller, Schnabel e Kechiche concorrem ainda ao César de melhor diretor, junto com André Téchiné, diretor de Testemunhas, fita que poderia levar outros três prêmios.
Alguns destes favoritos estarão representados no domingo em Los Angeles, na entrega do Oscar.
Começando por Persépolis, candidato a melhor longa de animação, categoria que não existe nos prêmios do cinema francês, que oferece uma visão da história recente do Irã, desde a queda do Xá da Pérsia e da revolução islâmica até a atualidade.
Por sua vez, O Escafandro e a Borboleta, que no Festival de Cannes rendeu a seu realizador, Julian Schnabel, o Prêmio de melhor diretor, pode levar quatro estatuetas em Hollywood: direção, roteiro adaptado, fotografia e edição.
A protagonista de Piaf - Um Hino ao Amor, Marion Cotillard, é igualmente esperada na festa americana, onde já conquistou o Globo de Ouro de melhor atriz em uma comédia ou filme musical e agora concorre ao Oscar por sua metamorfose na lendária cantora francesa Edith Piaf.
Suas concorrentes são fortes: Isabelle Carré (Anna M.), Cécile de France (Un Secret), Marina Foïs (Darling) e Catherine Frot (Odette Toulemonde).
O César para melhor ator é disputado por Michel Blanc (Testemunhas), Jean-Pierre Darroussin (Conversas com meu Jardineiro), Vincent Lindon (Ceux qui restent), Jean-Pierre Marielle (Faut que ça danse!) e o protagonista de O Escafandro e a Borboleta, o também cineasta Mathieu Amalric.
Entre os indicados a melhor produção estrangeira estão 4 meses, 3 semanas e 2 dias, do romeno Christian Mungiu, Palma de Ouro em Cannes 2007; e a alemã A vida dos outros, de Florian Henckel von Donnersmarck, que ganhou o Oscar de melhor filme em idioma não inglês há um ano.
Concorrem ainda nesta categoria a produção Do outro lado, do germânico-turco Fatih Akin; a americana Os donos da noite, de James Gray; e Senhores do crime do canadense David Cronenberg.
EFE