quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Gabrielzinho transforma prata no 1º ouro do Brasil nas Paralimpíadas de Paris-2024

 

                                           Franck Fife/AFP

País também conquista prata e bronze no primeiro dia da natação

Além de ser o primeiro medalhista brasileiro nos Jogos Paralímpicos de Paris, o nadador Gabriel Araújo também pode ganhar o título de alquimista. "Quero fazer a prata de Tóquio virar ouro", ele avisou em sua primeira entrevista coletiva na capital francesa.


Nesta quinta-feira (29), logo no primeiro dia de competições paralímpicas, ficou com o ouro nos 100 m costas da categoria S2 (para nadadores com deficiência física severa), prova na qual ficou em segundo há três anos, nos Jogos de Tóquio.


"Estou muito feliz, muito emocionado, consegui colocar todo o trabalho em prática. Essa era a prova mais difícil para mim, não vou dizer de treino, porque eu treino muito, mas era uma prova psicologicamente difícil pelo fato de eu ter errado algumas coisas em Tóquio", disse Gabriel. "A prata foi maravilhosa, mas eu luto sempre para ser o melhor."


No pódio, o mineiro comemorou do seu tradicional jeito irreverente, com dancinha e muitos sorrisos, e foi um dos medalhistas mais aplaudidos. Enquanto começava a cerimônia de premiação de outra prova, ele ainda estava na outra ponta da piscina, celebrando com o público e posando para fotos.


Gabrielzinho, que largou na raia 5 da piscina na Arena La Défense, marcou 1min53s67, seis segundos melhor que o tempo da classificatória de manhã. Ele foi o único a nadar abaixo dos dois minutos. O russo Vladimir Danilenko ficou com a prata, e o chileno Alberto Abarza —o homem que levou o ouro em Tóquio— foi bronze.


A primeira medalha em Paris —que inaugurou também o quadro de medalhas para o Brasil— é a quarta do paratleta de 22 anos. Em Tóquio, além da prata nos 100 m costas, ele ficou com o ouro nos 200 m livre e nos 50 m costas.


Em Tóquio, tive essa oportunidade, foi a primeira medalha, mas foi a prata. Agora, foi do jeito certo. Comecei do jeito certo, sendo porta-bandeira, primeira medalha, primeiro ouro. Então, estou emocionado demais", disse.


Diferentemente do que se viu em Tóquio, onde as arenas ficaram praticamente vazias por causa da Covid-19, o brasileiro nadou em um ginásio cheio e animado, mas não com a lotação máxima observada nas Olimpíadas, quando o francês Léon Marchand ganhou cinco medalhas (quatro de ouro) numa arena pulsante e se transformou em ídolo nacional.


Antes do início da competição, na quarta-feira (28), Gabriel já tinha sido porta-bandeira da delegação brasileira na cerimônia de abertura, na praça da Concórdia, ao lado de Beth Gomes, do atletismo.


"Só fiz a entrada [na cerimônia de abertura] e fiquei uns 20, 30 minutos. O foco principal é aqui na piscina. Consegui chegar cedo, jantar cedo, fazer o meu ritual para a competição, foi tudo tranquilo", disse.


"Agora é desfrutar um pouco, assimilar tudo o que aconteceu, porque em menos de dois dias foi um bilhão de emoções, mas eu vim preparado para todas as emoções possíveis."


O nadador mineiro não tem tanto tempo para desfrutar. No sábado (31), ele já volta às piscinas para defender seu título dos 50 m costas.


"É uma prova que me deixa, pelo que estou treinado, um pouco mais tranquilo. Mas ela tem uma dificuldade interessante também, porque são só 50 metros. Então, não pode errar em momento nenhum. Estou preparado para isso também, estou tranquilo", afirmou o sorridente alquimista de Paris.


Natação rende mais duas medalhas no 1º dia

O pernambucano Phelipe Rodrigues conquistou a medalha de prata em uma disputada final dos 50 m livre, categoria S10 (deficiência física mínima). Com 23s54, ele ficou apenas 0s14 atrás do campeão paralímpico Thomas Gallagher, da Austrália; o também australiano Rowan Crothers fechou o pódio.


Com sua primeira medalha em Paris, Rodrigues amplia para nove o número de pódios paralímpicos, mas continua sem ouros —essa foi sua sexta medalha de prata, além de três bronzes.


Um pouco antes, Gabriel Bandeira ficou com a medalha de bronze nos 100 m borboleta, na categoria S14. Ele marcou o tempo de 55s08. Bandeira tinha feito o quarto melhor tempo pela manhã na etapa classificatória da prova, a mesma que tinha lhe rendido o ouro em Tóquio.


Ele foi superado pelo dinamarquês Alexander Hillhouse e pelo britânico William Ellard. Bandeira ainda tem mais três provas em Paris.

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