terça-feira, 27 de agosto de 2024

Maduro muda metade de seu gabinete em meio a protestos e pressão internacional

 

                                              Foto: AFP

Troca colocará Diosdado Cabello, nome forte do chavismo, à frente dos principais órgãos de repressão da ditadura

Imerso em uma crise política desde sua contestada vitória nas eleições presidenciais da Venezuela em julho, o ditador Nicolás Maduro disse nesta terça-feira (27) que vai mudar metade do seu gabinete ministerial de 30 membros.


Uma das mudanças mais simbólicas é a de Delcy Rodríguez, número dois do regime e atual ministra das Finanças e do Comércio Exterior. Ela vai deixar o posto e assumir o Ministério do Petróleo, ocupado atualmente por Pedro Tellechea, que seguirá para a pasta de Indústrias e Produção Nacional. Delcy permanecerá na Vice-Presidência, cargo que ocupa desde 2018.


Ao lado de seu irmão, Jorge Rodríguez, Delcy é uma das mais importantes figuras para a manutenção do poder de Maduro. Eles são filhos do guerrilheiro Jorge Antonio Rodríguez, morto em 1973 e atualmente um símbolo para os chavistas.


Outra mudança importante é a elevação de Diosdado Cabello a ministro do Interior, retornando a um cargo que ocupou por um ano entre 2002 e 2003. Hoje vice-presidente do partido de Maduro, o PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), o deputado da Assembleia Nacional é um nome forte do chavismo e próximo de Maduro.


Foi Cabello quem disse recentemente que a ideia do presidente Lula (PT) de realizar novas eleições na Venezuela frente à crise política desde a suposta vitória de Maduro era "uma estupidez". "Um segundo turno? Na Venezuela não há segundo turno. Senhores... Não se metam nos assuntos internos da Venezuela que vamos respondê-los", afirmou na ocasião.


O Ministerio do Poder Popular para Relações Interiores, Justiça e Paz, como é formalmente chamada a pasta, é responsável por órgãos que desempenham importante papel na repressão política no país, como a Guarda Nacional Bolivariana e o serviço de inteligência da Venezuela.


"A Venezuela caminha em direção à paz definitiva, uma paz com justiça, uma paz onde o povo sabe que quem agir contra a Constituição e a lei será responsabilizado", disse Cabello após o anúncio.


"Caminhamos para uma grande etapa do autogoverno popular", afirmou Maduro. "Tenho certeza de que não cometeremos erros, que faremos as mudanças de que a Venezuela precisa e que a vida será muito melhor."


Yvan Gil continuará à frente do Ministério das Relações Exteriores e Vladimir Padrino permanece ministro da Defesa, segundo Maduro. A nova ministra da Economia é Anabel Pereira, e o chefe da estatal petroleira da Venezuela, a PDVSA, será o advogado Hector Obregón.


Folha de São Paulo

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