sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Presidente da Argentina decreta feriado nacional após ataque de brasileiro contra Cristina Kirchner

 RFI


O presidente argentino, Alberto Fernández, classificou o episódio como "o mais grave desde 1983, quando o país voltou a ser uma democracia" e declarou feriado nacional nesta sexta-feira (2). A  vice-presidente, Cristina Kirchner, foi vítima de uma tentativa de assassinato cometida por um brasileiro motorista do Uber, radicado em Buenos Aires. 


Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires


"Decidi declarar feriado nacional para que, em paz e harmonia, o povo argentino possa expressar-se em defesa da vida, da democracia e solidarizar-se com nossa vice-presidente", anunciou Alberto Fernández durante um pronunciamento em rede nacional, na madrugada desta sexta-feira (2).


Fernando André Sabag Montiel, brasileiro, de 35 anos, radicado na cidade de Buenos Aires, apontou uma pistola a poucos centímetros do rosto da vice-presidente, Cristina Kirchner. O incidente aconteceu por volta das 21h desta quinta-feira (1), quando ela saudava um grupo de militantes na frente de sua residência. A arma chegou a ser engatilhada, mas o tiro falhou.


"Estamos diante de um fato com uma gravidade institucional e humana extrema. Atentaram contra a nossa vice-presidente e a paz social foi alterada", afirmou o presidente, acrescentando que "este atentado merece o mais enérgico repúdio de toda a sociedade argentina e de todos os setores políticos".


Alberto Fernández atribuiu o atentado "ao discurso de ódio que tem sido espalhado a partir de espaços políticos, judiciais e midiáticos", declarou. "Cristina está viva porque, por alguma razão ainda não confirmada tecnicamente, a arma que tinha cinco balas não disparou apesar de ter sido engatilhada", descreveu Alberto Fernández.


"O presidente está brincando com fogo: em vez de investigar seriamente um fato de gravidade, acusa a oposição e a imprensa, e decreta um feriado para mobilizar militantes. Transforma um ato de violência numa jogada política. É lamentáve;", criticou a líder opositora Patricia Bullrich.


Através das imagens captadas pelos canais de TV e pelos celulares de militantes, Fernando Montiel aparece de gorro preto entre os militantes que aguardavam a chegada de Cristina Kirchner em frente ao seu domicílio no bairro de La Recoleta. Nas imagens, o brasileiro estica o braço esquerdo e aponta a pistola na altura da cabeça da ex-presidente. Também é possível ouvir o gatilho antes do disparo.


Cristina Kirchner, ao ver a arma, chega a se abaixar, sem, no entanto, demonstrar susto nem temor. A vice-presidente continuou a assinar livros, a tirar fotos e a cumprimentar a militância durante vários minutos, como se nada tivesse acontecido.


Brasileiro é motorista do Uber


Os seguranças de Cristina Kirchner conseguiram deter o agressor com a ajuda dos militantes. Em seguida, o brasileiro foi preso. Fernando Sabag Montiel, conhecido nas redes sociais como Fernando Salim, nasceu em 13 de janeiro de 1987, trabalha como motorista de Uber e tem antecedentes por porte de arma ilegal não-convencional em 17 de março de 2021. Ele foi flagrado com um facão de 35 cm "para a sua segurança pessoal", alegou o brasileiro residente no bairro de La Paternal, em Buenos Aires.


Em março do ano passado, a Polícia desconfiou do carro que Fernando dirigia devido à ausência da placa traseira, que Fernando atribuiu a uma colisão. Quando o suspeito abriu a porta para mostrar o documento do carro, o facão caiu.


Desde o dia 22 de agosto, quando o Ministério Público pediu 12 anos de prisão para Cristina Kirchner por crimes de corrupção, milhares de militantes têm sido incentivados a uma vigília diária em frente à residência da ex-presidente, que costuma cumprimentar os militantes ao chegar em casa.  O brasileiro misturou-se entre os manifestantes para tentar o crime.O ministro da Segurança, Aníbal Fernández, confirmou que o agressor foi preso e que a arma está passando por uma perícia. 

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