terça-feira, 27 de setembro de 2022

Desacordo por reajuste termina em greve, mas atendimento é mantido

 

Por determinação do Tribunal Superior do Trabalho, 60% dos servidores da saúde devem continuar trabalho normalmente

BIANKA MACÁRIO, LEO RIBEIRO


Os servidores do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, um dos três hospitais públicos de Campo Grande, entraram em greve ontem, e a paralisação não tem prazo para ser encerrada. 


Um desacordo sobre o aumento salarial motivou os protestos, porém, decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) garantiu que 60% dos trabalhadores da saúde continuarão atuando normalmente, para garantir o atendimento no local.


Linha de frente no combate à pandemia, os profissionais estão desde a manhã de ontem postados em frente ao hospital, em busca de direitos salariais. Segundo eles, há quatro anos, os servidores não recebem reajuste salarial.


De acordo com o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal em Mato Grosso do Sul (Sintsep), Wesley Cassio Goully, mesmo com a greve, nenhum setor será paralisado.


“Nós, por natureza, temos esse compromisso com a vida. Então, 100% das atividades hospitalares do Hospital Universitário a gente não vai parar, mas vai diminuir consideravelmente”, frisa.


PROBLEMAS

Antes mesmo da pandemia da Covid-19, a categoria já reclamava sobre a falta de reajustes, que deveriam ser de 6% ao ano, mas já se acumulam há, pelo menos, quatro anos, conforme os servidores.


“Infelizmente, a gente chegou nesta situação, depois de quatro anos negociando com o governo, e foi muito dura e pesada para a gente, porque, em alguns momentos, eles ofereceram até, absurdamente, uma redução salarial, sabe? Por meio da ampliação da nossa insalubridade”, aponta o secretário-geral.


Segundo ele, isso seria um valor que é extremamente impactante nos trabalhadores em saúde do hospital.


Funcionária do Hospital Universitário há sete anos, Amanda Fogaça destaca a indignação da classe da enfermagem e administrativa por conta da falta de reajuste.


“Estamos com eles [processos pedindo reajuste] parados. Além do mais, com todo esse contexto de pandemia, que toda equipe teve de percorrer, a empresa está sugerindo que a insalubridade seja reduzida, para ser em cima do salário mínimo, em que recebemos hoje em cima do [salário] base”, revela.


Conforme a categoria faz questão de ressaltar, a insalubridade é “inegociável”, principalmente diante do contexto de desvalorização.


“Estamos neste movimento por valorização e para que sejamos respeitados”, conclui ela, que atua na enfermagem há 14 anos.


Por fim, a categoria afirma que não enxerga o próprio pedido como “absurdo” nem “algo distante”, já que exigem que seja feita a correção inflacionária dos últimos quatro anos para que eles voltem a trabalhar.


“Esperamos que este movimento de todos os hospitais universitários no País, vinculados a rede Ebserh [Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares], faça com que o governo se sensibilize e entenda que é o momento de negociar”, finaliza a enfermeira.


OUTRO LADO

Em contato com o Hospital Universitário de Campo Grande, a entidade afirmou que espera que essa situação seja resolvida o mais rápido possível.


“É importante acrescentar que, com o início das manifestações, fica ainda mais clara a vontade dos empregados, semelhante à da Ebserh, em uma resolução rápida para o Acordo Coletivo de Trabalho [ACT]. Diante do impasse nas negociações, a Ebserh peticionou no dia 10 de agosto, no próprio TST, pedido para análise dos ACT’s em curso, requerendo o julgamento imediato do dissídio coletivo, inclusive quanto aos ACTs em aberto”, afirmou, em nota.


Decisão da ministra Delaíde Alves Miranda Arantes, do TST, determinou que 50% dos trabalhadores da área administrativa e 60% da área médica e assistencial devem continuar trabalhando, sob pena de multa diária de R$ 50 mil, em caso de descumprimento. (Colaborou Daiany Albuquerque)


Com informação do Portal Correio do Estado

Nenhum comentário: