Desde o dia 24 de fevereiro, quando tropas russas efetuaram uma invasão de larga escala à Ucrânia, a economia global está em alerta – antes mesmo de sua recuperação pós-pandemia da Covid-19 Entre os principais produtos importados da Rússia, estão os insumos para a produção de fertilizantes. O Brasil é altamente dependente de fertilizantes importados. Atualmente o país é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, ficando atrás somente da China, Índia e Estados Unidos. Em 2018 o Brasil chegou a importar 63% das suas necessidades de fosfato, demonstrando uma vulnerabilidade grave para um país destinado a ser o celeiro do mundo.
O fosfato é um dos principais nutrientes das culturas e o Brasil possui uma dependência externa significativa. A agricultura já vem sofrendo as consequências com o conflito internacional. E quando falamos sobre fosfato, nacionalmente, cerca de 70% do fosfato que utilizamos no Brasil é importado. Na agricultura, o fósforo, juntamente como o nitrogênio e o potássio, constitui uma tríade de elementos fundamentais para as plantas. A aplicação do fosfato em plantações é responsável pela geração de energia para produção vegetal, promovendo o aumento da produtividade agrícola e o enriquecimento e o fortalecimento do solo.
A Águia Fertilizantes planeja reduzir a dependência do insumo. A empresa já investiu cerca de 80 milhões de reais, e para as obras estão previstos mais 30 milhões de reais. No Projeto Fosfato Três Estradas, após a lavra do minério de fosfato, a Águia produzirá um “Fosfato Natural”. O produto terá aplicação direta na agricultura e sem que tenha a adição de compostos químicos, ou que tenha sido obtido através de rota de processo químico.
O Pampafos é um fosfato natural com liberação gradual do fósforo, que é um macronutriente essencial para o crescimento das plantas. O produto também é fonte de cálcio, magnésio e micronutrientes fundamentais para as culturas. Fernando Tallarico, CEO da Águia Fertilizantes, salienta que depois de três anos de testagens, é possível afirmar com segurança que será entregue um produto natural, inovador e de alta qualidade. “O Pampafos não terá adição de acidulantes, o que preserva a saúde do solo, ao contrário dos fertilizantes fosfatados mais consumidos no mercado gaúcho, que atacam os microrganismos presentes na terra, empobrecendo o solo e diminuindo sua produtividade em longo prazo’ garante Tallarico.
O CEO da Águia Fertilizantes ainda ressalta que, será um insumo com solubilidade gradual do macronutriente fósforo. “Isso significa que, ao contrário dos produtos utilizados pela grande maioria dos agricultores do estado, que são rapidamente absorvidos pelo solo e, em muitas vezes, em quantidades bem superiores às que as plantas conseguem absorver, resultando em prejuízo aos produtores, o Pampafos fornecerá ao solo a quantidade adequada para o pleno desenvolvimento das lavouras, com mais durabilidade do que os produtos acidulados, aumentando o aproveitamento do insumo, sem desperdícios. Outro ponto é que, por estarmos localizados no centro do Rio Grande do Sul, teremos uma vantagem logística em relação aos importados, além da possibilidade de compra em volumes consideravelmente menores e disponibilidade imediata de entrega do produto”, pontuou Tallarico.
Ainda de acordo com a empresa, a expectativa é de que o produto seja produzido entre nove e doze meses após a implementação da unidade em Lavras do Sul.
ESTUDOS
Arroz
Os resultados recentes são de testes realizados com a cultura de arroz na estação agronômica da Associação dos Usuários do Perímetro de Irrigação do Arroio Duro (AUD) em Camaquã – RS, e confirmam o alto desempenho dos fertilizantes naturais. A pesquisa foi planejada e supervisionada pela Integrar – Gestão e Inovação Agropecuária.
O arroz foi semeado em área plana, em condições semelhantes às realizadas em Capivari do Sul – RS, cujos resultados foram apresentados em maio de 2021, mas com um histórico distinto de fertilização. Desta vez foram analisados sete tratamentos agronômicos com o intuito comparar o desempenho do fosfato natural do Projeto Fosfato Três Estradas com outro fertilizante fosfatado convencional, no caso o Superfosfato Triplo (SFT). A aplicação dos fertilizantes foi realizada a lanço e posteriormente incorporadas ao solo. Foram testadas duas dosagens, 50 kg/ha de P2O5 e 100 kg/ha de P2O5. As unidades experimentais foram equivalentes a parcelas de 4m x 20m, dispostas lado a lado, com quatro repetições, totalizando uma área de 2.240m2.
Resultados: Observando os tratamentos que receberam a dosagem de 50 kg/ha de P2O5, a produtividade mais alta foi obtida no tratamento com Pampafos (T2), resultando em de 13,2 t/ha e ultrapassando a produtividade de 12,8 t/ha alcançada com o fertilizante convencional SFT (T4). O tratamento com Lavrato (T3), alcançou uma produtividade de 12,3 t/ha, correspondente a 96% da produtividade com o SFT. Em relação aos tratamentos com dosagem de 100 kg/ha de P2O5, o tratamento com SFT (T7) apresentou a maior produtividade de arroz com 14,9 t/ha, seguido pelos tratamentos T6 e T5, com a aplicação de Lavrato e Pampafos, com produtividades de 13,6 t/ha e 12,9 t/ha, respectivamente.
Aveia
Os resultados de testes agronômicos realizados na cultura de aveia, utilizando os fertilizantes naturais de aplicação direta do PFTE, Pampafos e Lavrato, demonstraram um desempenho bastante promissor. Os testes foram realizados em uma fazenda comercial localizada em Rio Grande e selecionada pela Tuch AgriBusiness, empresa distribuidora de fertilizantes e produtos agrícolas na Região Sul do Brasil. Além da parceria com a Tuch, os testes tiveram a supervisão da Integrar Gestão e Inovação Agropecuária. O desempenho positivo do Pampafos e do Lavrato na cultura de aveia é considerado muito relevante, já que o Rio Grande do Sul possui aproximadamente 270 mil hectares de campos de aveia cultivados anualmente.
A aveia foi semeada em uma área de planosolo no início de junho de 2021, e os fertilizantes foram aplicados a lanço no campo. O teste consistiu em cinco tratamentos numa área total de 5 hectares, com cada tratamento ocupando 1 hectare. Os tratamentos consistiram de Testemunha (sem P2O5), com dosagens distintas de P2O5 através da aplicação de Pampafos e Lavrato, e com a aplicação de um fertilizante fosfatado convencional, o Superfosfato Triplo (STP), de acordo com o manejo usual da fazenda. Além das fontes de fosfato, foi aplicada em todos os tratamentos uma dosagem igual de nitrogênio, cálcio e magnésio. A safra foi colhida em outubro de 2021.
Os resultados da produtividade da aveia utilizando o Pampafos e Lavrato, na dosagem de 100kg/ha de P2O5, alcançaram, respectivamente, 92% e 93% da produtividade obtida com o Superfosfato Triplo (STP) na mesma dosagem. Esses resultados, obtidos em uma primeira aplicação das fontes naturais, reafirmam a eficiência dos fertilizantes naturais no fornecimento de fósforo às plantas. Além disso, atestaram também o alto potencial para a aplicação em campos de aveia e para substituir fertilizantes fosfatados convencionais e quimicamente processados.
Milho
Estudos realizados em Eldorado do Sul, no Rio Grande do Sul, comprovaram que a aplicação do Pampafos em plantações de milho resultou em um rendimento de 95% em relação ao obtido por meio do uso de Superfosfato Triplo Convencional. Já os testes realizados em Pelotas, também no estado do Rio Grande do Sul, mostraram que o uso de Pampafos em uma dosagem de 125kg/ha de Pentóxido de Fósforo (P2O5) aumenta a produtividade de lavouras de milho, se comparado aos resultados alcançados com o uso da mesma dosagem do Superfosfato Triplo Convencional.
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