quinta-feira, 7 de julho de 2022

Cacau fino brasileiro é considerado um dos melhores do mundo

 


Brasil está em 7º lugar entre os países que são premiados internacionalmente

No Dia Mundial do Chocolate, comemorado em 7 de julho, o Brasil tem muito o que celebrar. Um dos doces mais consumidos no mundo é feito da amêndoa do cacau, cuja qualidade é determinante para um bom chocolate, e o cacau fino produzido na Amazônia é considerado um dos melhores do mundo. Em 2021, três produtores de cacau brasileiros foram premiados entre os 50 melhores do mundo no Cocoa of Excellence Awards. Neste ano, o chocolate belga Nicolas, produzido com amêndoas paraenses, ficou em 2° lugar na premiação do concurso Belgium Chocolate Awards 2022.  



O Brasil é o 7º produtor de cacau no mundo e ocupa também a 7ª posição entre os maiores exportadores do produto e seus derivados. Em 2021, o País exportou 33.521 mil toneladas de chocolates e quase 55 mil toneladas de derivados do cacau, gerando U$ 226 milhões de dólares, segundo a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC).  A Argentina é o destino principal, seguida por Estados Unidos e Chile.  Já a exportação de amêndoas de cacau foi de 576 toneladas em 2021 e a expectativa é aumentar para 655 toneladas em 2022.  


O Brasil foi reconhecido pela International Cocoa Organization (ICCO) como produtor de cacau fino de aroma para exportação em 2019. “Esse reconhecimento é importante para a competitividade do cacau brasileiro no mercado internacional, mas, uma vez que o título foi chancelado em meio à pandemia, somente agora trabalharemos de forma mais robusta na sua divulgação. Este selo possibilita maior visibilidade, credibilidade e interesse no produto brasileiro, gerando mais oportunidades de negócios para os produtores”, afirma a gerente do Agronegócio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento (ApexBrasil), Paula Soares. 


Os motivos de tamanho sucesso são a qualidade da matéria-prima brasileira, tecnologias de produção inovadoras, terroir diferenciado e o estímulo e capacitação para a internacionalização realizados pelas ações da ApexBrasil. 


Brasil Sweets & Snacks 


Desde 1998, a ApexBrasil vem atuando em parceria com a Associação Brasileiras de da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) no projeto setorial BrasilSweets & Snacks. O objetivo é promover a imagem do cacau brasileiro como matéria-prima de qualidade para a produção de chocolates finos e facilitar o acesso de empresas e produtores do setor aos principais mercados internacionais.  


A participação em feiras e eventos mundo a fora é uma das principais ações do projeto. Neste ano, o Brasil Sweets & Snacks levou seis empresas brasileiras do setor para participar da maior e mais importante feira de doces e biscoitos do mundo que acontece anualmente na Alemanha, a ISM Colônia. Lá foram gerados U$1,3 milhão em negócios imediatos. Já para a maior exposição de confeitaria e snacks na América do Norte, a Sweets & Snacks, em Chicago, o projeto levou cinco empresas brasileiras que geraram U$ 580 mil em negócios imediatos e U$ 6 milhões em expectativas de negócios para os próximos meses. Para Budapeste, na International Peanut Forum (IPF), foram quatro empresas brasileiras participantes e US$ 9,3 milhões em negócios imediatos gerados. Ainda em julho, o projeto levará empresas brasileiras para a feira Snackex em Hamburgo, na Alemanha, e ainda em 2022 para o Salon du Chocolat, em Paris, e para a ISM Middle East em Dubai. 


“Absorvemos recentemente o cacau fino e o tree e bean to bar em nosso Projeto Brasil Sweets & Snacks. Estamos construindo um planejamento estratégico para 2023/2024 e a ideia é inserir um maior número de ações de promoção comercial. Queremos levar empresas brasileiras para exportar e/ou promover a imagem do cacau fino brasileiro no mundo”, reforça o presidente executivo da ABICAB.  


Tecnologia inovadora


A ApexBrasil também auxilia produtores de cacau a se destacarem e alcançarem novos mercados por meio do Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX). Exemplo disso é a marca Cacau do Cerrado, do grupo Schmidt, que no oeste da Bahia desenvolveu uma nova tecnologia de reprodução de cacaueiros no viveiro BioBrasil e, com apoio do PEIEX, está prestes a exportar o produto.  


Em geral, as plantas são cultivadas na sombra, mas o grupo desenvolveu mudas que conseguem crescer a pleno sol e que produzem frutos em até dois anos, quando a média para início de colheita nesse tipo de cultivo é de 3 a 4 anos. Em 2021, a barra de chocolate 65% produzida pela marca foi classificada como uma das melhores já testadas pelo Centro de Inovação do Cacau (CIC).   


“O PEIEX foi um divisor de águas, pois foi um dos braços auxiliares em diversos aspectos, até mesmo na readequação do rótulo e da nossa logomarca”, afirma o diretor da Cacau do Cerrado, Moisés Schmidt.  Em fevereiro deste ano, com o apoio da ApexBrasil, a empresa foi a única representante brasileira de cacau e chocolates a participar da Gulfood, maior feira de alimentos do Oriente Médio, e já tem propostas para exportar para Dubai. A expectativa é que as vendas internacionais tenham início no segundo semestre do ano. 


O PEIEX ajuda empresas a iniciarem o processo de exportação de forma planejada e segura. É implementado em todas as regiões do País por meio de parcerias com instituições de ensino (Universidades, Parques Tecnológicos ou Fundações de Amparo à Pesquisa) ou Federações de Indústria, que são responsáveis pela aplicação da metodologia do PEIEX na qualificação de empresas.  


Terroir diferenciado


A Bahia e o Pará são os maiores produtores de cacau no Brasil, sendo responsáveis por 90% da produção nacional. O cacau brasileiro é produzido com história, tradição, e em sistemas agroflorestais que preservam a mata Atlântica e Amazônica onde são produzidos. “Existem diversas variedades de cacau e dependendo da região onde são produzidos possuem um terroir diferenciado, isto é, um terroir que só há no Brasil. Toda essa qualidade do cacau se reflete na produção dos chocolates, seja de forma industrial ou artesanal, conferindo-lhes sabor, qualidade, e reconhecimento através de premiações internacionais” explica o presidente executivo da Associação Brasileiras de da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (ABICAB), Ubiracy Fonseca.  


O temo francês terroir é um conjunto de informações adquiridas pelo produto, desde a localização geográfica, qualidade do manejo, clima, cultura, história e tradição, que influenciam nas características sensoriais. Tal qual o vinho, o cacau carrega características do terroir que são evidenciadas no chocolate. 

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