sábado, 21 de maio de 2022

Pesquisa indica que alta dos materiais de construção provoca demissões e reduz ritmo de trabalho

 


Estudo foi realizado com mais de 200 construtoras de diferentes regiões do país



Uma pesquisa realizada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), abordou o impacto financeiro nas obras, o ritmo de execução do empreendimento e a redução de postos de trabalho na construção civil. 


O estudo foi realizado com mais de 200 construtoras de diferentes regiões do país. 


De acordo com a CBIC, a alta nos custos dos materiais de construção resulta em  desequilíbrio econômico e financeiro nos contratos de obras públicas, fator apontado pelo órgão como responsável por atrasos e demissões de funcionários.


Mais da metade das empresas pesquisadas, cerca de 56% acusaram ter prejuízos contratuais; 30 empresas apontaram prejuízos de até 60%. 


Para além dos atrasos nas obras, as empresas alegaram redução no ritmo de trabalho, com 14,5% alegando paralisações de 60% da produção e 11% paralisaram as atividades completamente. 


Sobre os postos de trabalho, 29% das construtoras disseram ter reduzido até 20% de suas vagas e apenas 26% das empresas, cerca de 45, não cortaram qualquer posto de trabalho, segundo o estudo.


Em nota, o presidente da Comissão de Infraestrutura da CBIC, Carlos Eduardo Lima Jorge, disse que, embora o equilíbrio econômico e financeiro dos contratos de obras públicas seja assegurado pela Constituição Federal, vem sendo prejudicado. 


“Vem sendo destruído em função das excessivas e imprevisíveis altas nos preços dos insumos da construção. A relutância ou morosidade da administração pública em proceder com as solicitações de reequilíbrio contratual feitas pelas empresas está causando sérios prejuízos para as empresas e para a sociedade”, apontou


.Escassez de mão de obra

Uma pesquisa realizada pela Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT) em fevereiro deste ano, constatou dificuldades na contratação de mão de obra qualificada para o setor da construção civil no país. 


As áreas de maior escassez profissional foram de pedreiros (80%) e carpinteiros (78,7%). 


O levantamento foi realizado por meio de por meio de amostras de 134 representantes de 3068 empresas do setor de obras industriais e corporativas do Brasil. 


Os resultados elencaram entrevistas de 554 empresas do Centro-Oeste, 68 de Mato Grosso do Sul, além das demais macrorregiões do país. 


“O fato da construção civil ter retomado as atividades em maior volume, permite que a oferta de emprego entre esses profissionais seja grande, o que concede certa autonomia para esses trabalhadores ‘decidirem’ onde trabalhar”, disse anteriormente ao Correio do Estado o engenheiro civil Vinícius Tavares. 


Questionado sobre as demandas dos profissionais, Tavares disse que os engenheiros passam por situações contrárias às vividas por pedreiros e serventes, por exemplo. 


“Ao contrário desses profissionais, que contam com ofertas altas em razão da escassez de mão de obra, atualmente existem muitos engenheiros, o que reduz a remuneração dos trabalhadores da área, uma vez que a oferta de profissionais é grande”, pontua o campo-grandense, engenheiro há cinco anos.


Mestres de obra (74,7%), encarregado (70%), eletricistas (64%), bombeiros (52,7%) e serralheiro (52,7%) são outras áreas de grande demanda no setor.


"Muitas das vezes esses profissionais optam por serem ‘empresários de si’, pois neste momento de alta demanda é muito mais vantajoso trabalhar por empreitada com diárias de R$120, R$130, do que seguir as regras da CLT e receber cerca de R$80, R$90.”, finalizou o engenheiro. 

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